Com faixa, aposentado buscava militantes para defender o homossexualismo na 3ª idade. Para ele, falta de apoio e de defesa dos direitos prejudica ainda mais o idoso que é gay.
A 12ª Parada Gay de São Paulo nem tinha começado oficialmente e o aposentado e escritor Ricardo Rocha Aguieiras, de 59 anos, já estava cansado. Também pudera. Ele chegou à Avenida Paulista por volta das 10h30 deste domingo (25), e desde então andava de um lado para o outro com uma grande faixa, defendendo sua bandeira: o respeito aos gays idosos. "Eles sofrem um duplo preconceito, por serem idosos e por serem gays. Uma das coisas mais cruéis é lutar a vida toda para se libertar e ter que voltar para o armário quando envelhece, por não ter como se manter e também pelo preconceito."
A defesa dos direitos dos gays idosos não é algo novo para o aposentado. Ele, que se assumiu gay aos 13 anos e participa da Parada de São Paulo desde a 3ª edição, vem com sua faixa para a Avenida Paulista há cinco anos. "'Não há nenhuma política de proteção do gay idoso. E o idoso no Brasil já é tratado como lixo", explica Aguieiras. Ele, entretanto, tem sorte: a família o apóia e, apesar de não morar em São Paulo como ele, acompanha de longe sua participação nos eventos. O aposentado reclama da falta de participação até mesmo dentro do grupo GLBT. "É um assunto muito delicado, difícil encontrar militantes. Mas participando dos eventos consigo um pouco mais de visibilidade, sempre tem gente que pergunta, se interessa." Além disso, ele ressalta a necessidade de acabar com um mito: "as pessoas pensam que quem envelhece não tem libido, é uma grande mentira. Os idosos também têm direito a sua sexualidade."