Lima Duarte, 60 anos de cinema


Mostra exibe a partir de hoje, no CCBB, os 32 filmes que ganharam densidade na interpretação do ator

Ubiratan Brasil

Zeca Diabo, Sinhozinho Malta, Salviano Lisboa - é grande a lista de personagens antológicos criados pelo ator Lima Duarte para as novelas de televisão. Em todas, o processo de criação foi basicamente o mesmo, iniciado com uma pesquisa psicológica de cada tipo. "Depois, é descobrir algum bordão ou gesto característico que caia no gosto do público e acionar o piloto automático", comenta ele que, apesar de sempre buscar a melhor interpretação para cada folhetim televisivo, acredita que o trabalho mais aprofundado só encontra espaço no cinema. "É nos filmes que consigo captar o lado mais obscuro de cada personagem."

A observação poderá ser comprovada a partir de hoje, quando começa a mostra Lima Duarte: Profissão Ator, evento com a curadoria de Amilton Pinheiro e que vai ocupar o Centro Cultural Banco do Brasil até o dia 16 de agosto, período em que serão exibidos todos os seus 32 filmes realizados em 60 anos de carreira. E, para celebrar a data, haverá também sessões de debates realizadas durante três quartas-feiras consecutivas, começando amanhã com a presença do crítico de cinema Leon Cakoff. Nas semanas seguintes, o encontro vai reunir o ator com os cineastas Hermano Penna e Paulo Morelli (dia 5), e Alain Fresnot e Nuno Cesar Abreu (dia 12).

Trata-se da homenagem a um ator que confere densidade e universalidade a cada papel escolhido. Não apenas pelo domínio da técnica representativa, mas pela profunda investigação que promove no início de um novo processo. "Toda interpretação deve ser psicológica", acredita Lima, experiente aos 79 anos. "A beleza está no espírito, na alma do povo. É a partir dessa descoberta que se entende como o personagem se veste, como deve andar e falar."

E tal entendimento é facilitado pelo fato de o ator também ser um grande leitor, especialmente da literatura clássica, que envolve desde a obra de João Guimarães Rosa até os sermões do padre Antônio Vieira. Curiosamente, dos 32 filmes já realizados por Lima, exatamente a metade é inspirada em romances, contos, peças ou mesmo nos discursos de Vieira (confira a lista abaixo). "Eu não tinha notado isso, mas não acredito que seja uma coincidência."

A compreensão da obra original permite ao ator dispor de um manancial de recursos para compor seu personagem. Uma intimidade tamanha que influencia diretamente o produto final. É o caso, por exemplo, de Sargento Getúlio, filme dirigido por Hermano Pena em 1978 (e lançado em 1983), inspirado no texto de João Ubaldo Ribeiro.

Para muitos, trata-se da principal interpretação cinematográfica de Lima Duarte, que vive o rude sargento da PM de Sergipe encarregado, no final dos anos 1940, de acompanhar um preso político inimigo de seu chefe. Durante a viagem, ele discute com o prisioneiro e, mesmo que uma mudança na conjuntura política o obrigue a libertá-lo, Getúlio decide cumprir sua missão até o fim, transformando a remoção no principal sentido de sua existência.

"Getúlio já estranha acompanhar um homem cujo único crime foi exercer o direito de pensar diferente, ou seja, dispõe de um conhecimento que ele, mesmo com o poder nas mãos, não pode alcançar", conta Lima. "Assim, na minha leitura, Getúlio enlouquece porque é obrigado a prender um homem que não matou ninguém, mas que cometeu o crime de ter frequentado uma escola."

A ambivalência da interpretação do ator desperta reações distintas na plateia, que tanto odeia como ama o personagem. A mesma riqueza de detalhes o inspirou a compor Seu Noronha, o contínuo de Os Sete Gatinhos, dirigido por Neville d?Almeida em 1980 e inspirado na peça de Nelson Rodrigues. Pai de cinco moças, ele luta para preservar a castidade da caçula, única a não se transformar em prostituta. Ele enlouquece, porém, ao descobrir que a moça de 15 anos está grávida.

"Aqui, o principal desafio foi manter o tom prosaico do texto original", comenta Lima. "Nelson era um escritor sensível, que sabia filtrar a sabedoria popular e depois isolá-la em um contexto." Ele se lembra, como exemplo, da cena de duas velhas que, na janela, criticam uma jovem viúva. "Uma delas diz: ?O marido foi enterrado de manhã e, de tarde, ela já estava chupando um sorvete Chicabon. Isso é dor que se apresente?? É genial."

Lima também enfrentou dificuldades em uma sequência aparentemente rotineira: a que mostra Noronha descobrindo desenhos de pênis voadores na parede do banheiro. "Parece simples mas passei a noite quebrando a cabeça para descobrir como melhor realizá-la. É mais difícil que o ?ser ou não ser? do Hamlet, que qualquer ator sabe como interpretar." Para complicar, o próprio Nelson Rodrigues acompanhou a filmagem da cena. "Ele sabia recitar as falas melhor que ninguém", atesta Lima, confessando não ter encontrado o tom desejado.

Nem sempre, porém, as intervenções do ator são aceitas. Em Jogo da Vida, dirigido por Maurice Capovilla em 1977, o autor da história original, João Antônio, também colaborador do roteiro, não gostou de suas sugestões. No papel de um velho malandro, Lima propôs a cena em que ele se incomoda com um cachorro, cujo olhar pidão o impede de saborear uma sardinha recém-comprada. "Para mim, a cena exalava uma poesia gritante, mas o autor não viu da mesma forma e a desaprovou." ,

Serviço

Lima Duarte: Profissão Ator. 4.ª, 15 h, Guerra Conjugal (1975), de Joaquim Pedro de Andrade; 17 h, Palavra e Utopia (2000), de Manoel de Oliveira. CCBB. Rua Álvares Penteado, 112, Centro, tel. 3113-3651. 4.ª a dom., a partir das 15 h. R$ 4. Até 16/8. Hoje, cerimônia de abertura e exibição do filme O Preço da Paz, de Paulo Morelli

OS Filmes Adaptados

O SOBRADO (1956), Walter George Dürst e Cassiano Gabus Mendes , adaptado de uma parte do romance O Tempo e o Vento de Erico Verissimo

PAIXÃO DE GAÚCHO (1957), Walter George Dürst, adaptado do romance O Gaúcho, de José de Alencar

CHÃO BRUTO (1958), Dionísio de Azevedo, adaptado do romance de Hernâni Donato

O REI PELÉ (1963), Carlos Hugo Christensen, inspirado no biografia Eu Sou Pelé, de Benedito Ruy Barbosa

GUERRA CONJUGAL (1975), Joaquim Pedro de Andrade, adaptado de textos de Dalton Trevisan

O CRIME DO ZÉ BIGORNA (1977), Anselmo Duarte, baseado na história de Lauro César Muniz

O JOGO DA VIDA (1977), Maurice Capovilla, adaptado do livro Malagueta, Perus e Bacanaço, de João Antônio

CONTOS ERÓTICOS, episódio O Arremate (1979), de Eduardo Escorel, adaptado do conto de Aércio Flávio Consolin

OS SETE GATINHOS (1980), Neville D?Almeida, adaptado da peça de Nelson Rodrigues

SARGENTO GETÚLIO (1983), Hermano Penna, adaptado do romance de João Ubaldo Ribeiro

LUA CHEIA (1989), Alain Fresnot, inspirado na peça Puntilla e Seu Criado Matti, de Bertolt Brecht

A OSTRA E O VENTO (1997), Walter Lima Júnior, adaptado do romance de Moacir C. Lopes

O AUTO DA COMPADECIDA (2000), Guel Arraes, adaptada da peça de Ariano Suassuna

PALAVRA E UTOPIA (2000), Manoel de Oliveira, inspirado nos Sermões do Padre Antônio Vieira

ESPELHO MÁGICO (2005), Manoel de Oliveira, inspirado no romance A Alma dos Ricos, de Agustina Bessa-Luís

DEPOIS DAQUELE BAILE (2006), Roberto Bomtempo, adaptação da peça de Rogério Falabella

TOPOGRAFIA DE UM DESNUDO (2009), Teresa Aguiar, adaptada da peça do chileno Jorge Diaz

Idosos podem ser poupados por ''proteção cruzada''

Emilio Sant?anna e Ana Conceição

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Eles não são idosos nem têm indícios de serem imunodeprimidos. Mesmo assim são as principais vítimas da gripe suína. Entre as 20 mortes confirmadas no País, apenas uma foi registrada em paciente idoso: uma mulher de 68 anos, moradora de São Paulo. Seu óbito foi um dos cinco anunciados ontem pela Secretaria de Estado da Saúde.

Para o infectologista Antônio Pignatari, do Hospital Nove de Julho, em São Paulo, o padrão das mortes é claro e pode revelar a ocorrência do que os especialistas chamam de "proteção cruzada". "Você pode perguntar se os idosos estão com uma certa imunidade", afirma. "Acredito que sim, que está relacionado à vacinação contra a gripe sazonal."

Segundo o infectologista Carlos Magno Fortaleza, da Faculdade de Medicina de Botucatu, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), historicamente, vírus pandêmicos afetam mais jovens adultos, que têm menos memória imunológica que os mais velhos. "Mas sob o ponto de vista relativo, as mortes ocorrem em maior número nos grupos de risco que nas pessoas saudáveis. Por isso é importante monitorar esses grupos", diz o médico.

Pignatari chama a atenção também para o que pode estar acontecendo com os pacientes que respondem mal ao tratamento. "Algumas pessoas podem ter uma espécie de hiper-resposta à doença que não é causada por nenhuma bactéria, mas pelo próprio vírus", afirma.

A argentina que dançou até os 100 anos de idade

28/07/2009 - 15:15


Esta é Carmencita Calderón (a primeira a aparecer no vídeo) dançando tango em 1933. Nascida Carmen Micaela Riso de Cancellieri em 10 de fevereiro de 1905, ela passou boa parte de sua vida rodopiando nos salões de dança. Nada mais natural do que comemorar seu aniversário de 100 anos (!) com passos de tango. Ela morreria em 31 de outubro de 2005, pouco depois dessa festa.

Carmencita e o tango são símbolos da Argentina. O tango nasceu por volta de 1877 no bairro de Montesserat, em Buenos Aires. Durante décadas, a dança foi considerada indecente. Em 1917, Carlos Gardel gravou a música “Mi Noche Triste”, considerada um marco na história do tango. Até então, as composições do estilo eram apenas instrumentais.

Carlos Gardel também compôs o tango “Por Una Cabeza”, em 1935. Em uma das cenas mais famosas do filme “Perfume de Mulher” (1992), o militar cego interpretado por Al Pacino dança essa música acompanhado da atriz Gabrielle Anwar

Morre o coreógrafo Merce Cunningham, aos 90 anos

Um dos maiores revolucionários da dança moderna morreu de causas naturais em sua casa de Nova York


Merce Cunningham (1919-2009)

AP

Merce Cunningham (1919-2009)

O coreógrafo e bailarino norte-americano Merce Cunningham morreu aos 90 anos em sua casa em Nova York, informou nesta segunda, 27, um porta-voz da Fundação que leva seu nome. Morre mais um nome revolucionário para a dança moderna, após a perda de Pina Bauch. Sua dança, além de descentralizar o espaço do palco, tinha um forte diálogo com a pintura de Rauschenberg, Jasper Johns, Andy Warhol e especialmente com a música experimental de John Cage.

"Cunningham morreu em sua casa de causas naturais, disse à Efe um porta-voz da Fundação Merce Cunningham, que também emitiu um comunicado informando que sua morte ocorreu na noite anterior.

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Mundo da dança lamenta a morte do coreógrafo

Nascido em 16 de abril de 1919 em Centralia, no Estado de Washington, Mercier Philip Cunningham, é considerado um dos grandes coreógrafos e bailarinos de todos os tempos, como Isadora Duncan, Martha Graham ou Sergei Diaghilev.

Merce Cunningham orienta bailarinas na Ópera de Paris, em 1973. Foto: EFE

"Foi um artista inspirador e um bailarino até seus 80 anos, um coreógrafo visionário e um professor dedicado durante toda sua vida", diz o comunicado assinado pela fundação e pala Mercê Cunningham Dance Company, assinalando a "enorme tristeza" pelo falecimento do artista.

O comunicado acrescenta que juntamente com seu sócio "John Cage, abriu espaço para novas maneiras de perceber e experimentar o mundo", ao mesmo tempo em que destaca "sua incansável curiosidade, seu espírito colaborador".

"Merce deixou uma marca indelével em nossa criatividade e cultura coletiva. Seu legado resultou no que a dança é agora no mundo, além de um marco para as gerações futuras", diz o comunicado.

Cunningham demonstrou seu amor pela dança desde muito jovem, quando ingressou em 1937 no Instituto Cornish na cidade de Seattle (Washington) e onde estudou teatro e dança e conheceu o músico John Cage, com quem iniciou uma amizade e um relacionamento pessoal e profissional que durou até a morte de Cage em 1992.

Cunningham estudou também na Universidade de Bennington, onde Martha Graham lecionava e o levou para sua companhia como primeiro bailarino, onde permaneceu até 1945. Um ano antes, em 1944, apresentou sua primeira coreografia em Nova York.

Depois de dar aulas no American Ballet (1949-1950), o coreógrafo fundou sua própria companhia de dança, que levava seu nome, e que estreou em uma comunidade de artistas do Estado da Carolina do Norte, onde conheceu pintores como Jasper Johns (1930) o Robert Rauschenberg (1925-2008).

Também trabalhou com outros grandes nomes das artes plásticas como Andy Warhol (1928-1987) e Frank Stella (1936), além do músico David Eugene Tudor (1926-1996).

Cunningham viveu um ano crucial para sua carreira em 1964, após os sucessos em Paris e Londres, que foram determinantes para que o público e a crítica norte-americana mudasse de opinião em relação à sua maneira de conceber a dança.

A partir dessa data, seu nome começou a ser conhecido do grande público e passou a trabalhar mais com as nova tecnologias que o acompanhariam por toda sua carreira.

Em junho passado, sua fundação anunciou que sua companhia de dança fecharia dois anos após a morte do artista. Cunningham, que fez 90 anos em abril, quis que sua companhia estivesse preparada para este momento e decidiu que seus bailarinos deveriam iniciar uma turnê mundial com duração de dois anos após a sua morte e se dissolver em seguida. Cunningham apresentou em Nova York seu "Planejamento do Legado", um roteiro de que a companhia e a fundação que leva seu nome deverão seguir para cuidar de sua herança artística e dos direitos autorais de sua obra

Atriz Maria Silvia morre no Rio de Janeiro, aos 65 anos


da Folha Online

A atriz Maria Silvia, 65, morreu neste domingo (26), no Rio de Janeiro, em decorrência de um câncer no pulmão.

Divulgação
A atriz Maria Silvia morreu neste domingo (26) aos 65 anos
A atriz Maria Silvia morreu neste domingo (26), aos 65 anos

O corpo da atriz foi enterrado nesta segunda-feira, no cemitério São João Batista, também no Rio de Janeiro.

Os trabalhos mais recentes da atriz foram na Record, onde participou das novelas "Vidas Opostas", "Caminhos do Coração" e "Chamas da Vida".

Durante a carreira, Maria Silvia ainda participou das novelas "Torre de Babel", "Chocolate com Pimenta", "Alma Gêmea" e "Páginas da Vida", entre outras.

Entre seus trabalhos no cinema estão "Joanna Francesa", "A Queda", "Tudo Bem", "Amor e Traição", "Luz del Fuego" e "A Ópera do Malandro", entre outros.

Envelhecendo

Cuidador de idoso, um trabalho de amor

O aumento da expectativa de vida da população está estatisticamente comprovado. A população mundial está envelhecendo e o Brasil caminha no mesmo sentido. O envelhecimento tem sido um processo complexo, que envolve dimensões biológicas, como o aparecimento de doenças degenerativas, psicológicas e sócio culturais. Os idosos começam a sentir necessidades de ajuda temporária, ou mesmo permanente, para suas atividades de vida diária. Essa ajuda deve ser de profissionais preparados, por isso a Prefeitura de Teresina vem desenvolvendo trabalhos nesse sentido.

Esse processo, quando acompanhado de limitações funcionais, gera uma demanda de cuidado em várias áreas, que precisam ser acompanhadas por profissionais habilitados, para reconhecer os distúrbios típicos do envelhecimento, garantindo um melhor atendimento e qualidade de vida para o idoso.

Levando em consideração esses aspectos, surgiu o curso de cuidador de idoso, respondendo aos anseios da população que vem envelhecendo, formando profissionais qualificados para lidar com as diversas patologias do envelhecimento. Pensando na necessidade e na procura por esses profissionais qualificados na área, a Fundação Wall Ferraz, órgão da Prefeitura de Teresina, está formando a terceira turma do curso de cuidador de idoso para profissionais da área de enfermagem, com curso técnico ou auxiliar de enfermagem.

CAPACITAÇÃO

O curso autorizado pelo Conselho Regional de Enfermagem é desenvolvido no Centro de Convivência do Idoso. Com a carga horária de 240 horas, os alunos passam três meses estudando as disciplinas de enfermagem, psicologia, nutrição e gerontologia. O cuidador tem direitos trabalhistas assegurados pela Constituição e leis do trabalho. “Na preparação do profissional cuidador, a Fundação Wall Ferraz faz a avaliação individual de cada aluno, levando em consideração a preparação para trabalhar com questões delicadas, desde a administração do medicamento, até a observação da alimentação adequada para o idoso”, informou a professora de Gerontologia Social, Cassandra Franco.

O profissional da área trabalha com plantões de 12 por 24 horas, ou 24 por 48 horas e recebe um salário mensal que vária em torno de R$ 500 a R$ 600 reais. O cuidador é necessário para o acompanhamento dos idosos acamados, como também aqueles que ainda estão em boas condições físicas, mas necessitam de companhia.

Segundo a coordenadora do curso, Ana Sérvio, o ideal no desenvolvimento do trabalho do profissional é a paciência, o amor, além da disponibilidade de tempo para dedicação com o paciente. “O idoso deve ser tratado como uma criança. Nessa fase da vida ele precisa de muito amor, pois às vezes ele se sente sozinho. Exatamente por isso a necessidade do carinho do profissional, o envolvimento afetivo entre ambos, com uma relação de amizade”, explica.

Em conjunto com o trabalho do profissional devem estar a presença e o amor da família, conhecendo as necessidades da terceira idade, “o profissional é importante, mas o membro da família é fundamental uma melhor expectativa de vida do idoso”, comentou.

O mercado de trabalho para o cuidador tem aumentado e, como conseqüência, aumenta também a procura de enfermeiros para conseguir uma qualificação na área. Os professores consideram o curso um grande seguimento na saúde e os alunos procuram o curso interessados não só no mercado, mas também se sentem atraídos pela sensibilidade de atuar na área. “Procurei o curso porque amo o idoso e gosto de conviver com eles, pois são pessoas mais experientes e entendidas. Se o amor e a paciência são essenciais para conviver com eles, essa é minha expiração”, confirmou Charlene dos Santos.

TRABALHO E RENDA

Alguns profissionais de enfermagem procuram à área por se identificarem com o trabalho e se sentem felizes e realizados com o exercício da profissão. É o caso de Rosana Silva, que trabalhava numa pastelaria com o marido e resolveu fazer o curso de técnico em enfermagem e aprender as especificidades do cuidado com o idoso.

Rosana hoje trabalha com uma senhora de 84 anos e se sente realizada na profissão, “Eu me encontrei. A Prefeitura ofereceu a maior oportunidade da minha vida. Ela me abriu portas e agora estou feliz e realizada”, afirmou.

Ela considera fundamental o envolvimento de afeto do profissional com o cliente. “Amo minha cliente. Fico feliz quando vou trabalhar e sinto falta dela nos meus dias de folga. Amo o que estou fazendo. Me envolvo com todos os casos, entro de corpo e alma nesses cuidados. Para mim é como se fosse uma pessoa da família”, confirmou

Entidade propõe vida ativa para idosos


Leonardo Mesquita
do Agora

Em 1942, em meio à 2ª Guerra Mundial, os Estados Unidos e o Japão se enfrentavam e, com isso, muitos japoneses acabaram por perder tudo, além de receber ordens para deixar o país.

Foi então que Margarida Vatanabe, nascida no Japão, veio ao Brasil para trabalhar, onde decidiu ajudar o seu povo. Surgia a entidade Assistência Social Dom José Gaspar.

Atualmente com sede em Guarulhos (Grande SP) e comandada pelo presidente Reimee Yosheok, a entidade mantém o Jardim de Repouso São Francisco (Ikoi-No-Sono, em japonês).

Na Associação, o lema é o "envelhecimento ativo", que propõe que os idosos consigam fazer as atividades e serviços normais do cotidiano.

A equipe da entidade é formada por 87 atendidos e 94 voluntários, entre profissionais de medicina, de psicologia, de fisioterapia, de serviço social, de terapia ocupacional, de fonoaudiologia e pessoas com espírito de solidariedade.

"Ajudar o próximo deveria ser uma preocupação de todos. Já trabalhei com crianças e é bem diferente com os idosos. Eles são mais fragilizados e precisam de mais apoio", afirma a coordenadora da sede administrativa no bairro da Liberdade (na região central da capital), Satuco Yamamoto.

Na rotina dos idosos, há exercícios físicos, passeios, musicoterapia e atividades em geral. A entidade serve como uma residência comum para os atendidos, que chegam a morar lá por 30 anos.

As famílias também são um fator determinante para a permanência dos idosos na casa, já que apostam que eles, às vezes doentes, serão melhor tratados na entidade.

A média de idade dos moradores é 65 anos. A mais velha tem 99. "Como aqui só há pessoas de origem japonesa, procuramos preservar a cultura oriental, tanto na comida como na rotina", diz Satuco.

Na casa, existem os dependentes e os semidependentes. Os primeiros necessitam de mais ajuda da equipe, pois são mais idosos. Os outros conseguem efetuar mais atividades, como tomar banho sozinhos e arrumar a cama.

A casa de apoio em Guarulhos costuma organizar eventos, palestras direcionadas aos familiares e cursos para voluntários e associados.

O próximo irá acontecer no dia 16 de agosto: um bazar beneficente, cuja renda será usada para as despesas e manutenção do bom atendimento aos velhinhos.

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Moradores do Recanto das Emas descobrem o multimistura


Pessoas da comunidade aprendem a fazer o suplemento que tem dado bons resultados na alimentação de crianças e adultos.

Há dois meses, Nila acrescentou o multimistura ao cardápio da filha. A pequena Ana Luísa estava desnutrida, não queria comer nada e vivia cansada. Os médicos já estavam preocupados. Agora, ela só pensa em comida e já engordou 3kg.

“Ela come demais. Pra quem não comia nada, agora está muito bom”, diz a dona de casa Nila Ferreira Alves, mãe da menina.

No Recanto das Emas, o multimistura já ficou conhecido como “pó mágico”. Ele enriquece a comida. Repõe nutrientes que a alimentação do dia-a-dia não oferece e todo mundo pode usar: crianças e adultos.

A cabeleireira Marina de Oliveira diz que depois de incluir o pozinho nas refeições, o calor da menopausa foi embora. “Durante este mês eu perdi mais de 2kg, não engordei e o calor e a ansiedade diminuíram”, revela.

O segredo desse pó está na riqueza de vitaminas: farelo de arroz, de trigo, pó de folhas verdes, mandioca, semente de girassol, abóbora, linhaça e grão de soja. “Estou usando e dando pra minha filha. Está ótimo. Eu realmente estou sentindo a diferença”, acrescenta o motorista de ônibus Francisco das Chagas.

Ana ensina a fazer o produto no Recanto das Emas. No curso, as receitas já saborosas - como bolos e sucos - também ficam saudáveis. “Não engorda. Apenas repõe o que você está precisando. Se todo mundo usasse, as filas nos postos de saúde diminuiriam e teria menos doentes nos hospitais. Não tenho dúvida”, afirma a professora Ana Alves Costa.

Basta uma colher de café do pozinho no arroz, no feijão ou no bife para sentir a diferença. E não tira o gosto da comida. Rico em cálcio, ferro e sais minerais, o multimistura já está mudando os hábitos alimentares dos moradores da cidade.

Onde encontrar?

Qualquer pessoa pode comprar o multimistura. Basta procurar o Centro de Convivência do Idoso ou a Administração Regional do Recanto das Emas.


Maria Fernanda

Conheça benefícios e gratuidades a que os idosos têm direito

Benefícios vão além de passe-livre em ônibus e desconto em cinema.
Idosos podem ter isenção do imposto de renda e do IPTU.

Paula Leite

Do G1, em São Paulo

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Passe-livre nos ônibus urbanos e meia-entrada no cinema não são os únicos direitos de quem tem mais de 60 anos. Embora muitos idosos não saibam, a legislação garante vários outros benefícios a essa faixa etária. O G1 fez um guia sobre alguns desses direitos que explica como obtê-los.

As isenções de impostos como o Imposto de Renda (IR) e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) são menos conhecidas dos idosos, mas só valem em alguns casos.

No caso do imposto de renda, só tem direito à isenção quem recebe aposentadoria ou pensão e tem doenças graves como câncer, cardiopatia ou Parkinson.

Já no caso do IPTU, a isenção depende de o município ter legislação que garanta esse direito. Por isso, as regras variam. Em São Paulo, por exemplo, só têm direito os idosos que não têm outro imóvel no município e com renda de até três salários mínimos.

Um benefício que costuma gerar muitas dúvidas é a gratuidade no transporte interestadual. Ela não vale só para ônibus, mas também para trens e barcos.

Em cada veículo, devem ser reservados dois lugares gratuitos para idosos com renda de até dois salários mínimos. Caso os lugares já estejam ocupados, os idosos nessas condições têm direito a 50% de desconto no preço da passagem.

Para comprovar a renda, podem ser usados vários documentos, mas no caso de idosos que não têm nenhuma renda ou não têm como comprová-la, pode-se pedir uma carteirinha na assistência social do município.

No entanto, mesmo os idosos que viajarem gratuitamente têm que pagar taxas de pedágio, utilização do terminal e alimentação.

Plano de saúde

Um grande peso no orçamento dos idosos costuma ser o plano de saúde. Desde 2004, os contratos de plano de saúde não podem aumentar o valor pago pelos consumidores quando eles completam 60 anos ou depois disso.

Por isso, resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determina o aumento do valor por faixas etárias, até o consumidor completar 59 anos; depois disso, não pode mais haver aumentos, a não ser o reajuste anual permitido pela agência.

Segundo Rodrigo Araújo, advogado especialista em saúde, em 2008 houve decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de que os contratos antigos também não podem ter aumento para os maiores de 60 anos.

"Mas a decisão é para um caso. Não vale automaticamente para todos", explica ele.

Por isso, as operadoras de saúde continuam aumentando os preços para os idosos que contrataram plano antes de 2004, diz Araújo.

Mas ele relata que os idosos que entram na Justiça têm conseguido o direito de não pagar mais e até reaver valores aumentados já pagos.

Legislação

A advogada Maria Elisa Munhol, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos dos Idosos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, defende que os idosos conheçam principalmente o Estatuto do Idoso, que entrou em vigor em 2004.

O estatuto vale para todo o Brasil e garante a maioria dos benefícios aos idosos. "Todos deveriam ler e decorar", diz ela.

Além do estatuto, a Constituição Federal e as Constituições Estaduais, além de leis municipais, também garantem benefícios aos idosos.

"A legislação é perfeita. O que falta é compromisso político com os direitos do idoso", diz Maria Elisa Munhol, que orienta quem tiver seus direitos desrespeitados a procurar o Ministério Público, a Defensoria Pública, a OAB ou os conselhos do idoso do município ou do Estado.

Alguns benefícios, como a gratuidade nos transportes urbanos, são garantidos pelo Estatuto do Idoso, mas regulamentados em nível municipal ou estadual. Por isso, as regras específicas de como obter o benefício podem variar de local para local.

No caso do transporte urbano gratuito, por exemplo, em São Paulo o idoso pode fazer o Bilhete Único do Idoso para poder passar pela catraca do ônibus.

Sem o bilhete, o idoso pode apresentar o documento de identidade, mas tem que ficar na parte da frente do ônibus. Já no Rio de Janeiro, é preciso fazer o RioCard, procurando um posto da Rio Ônibu