Para a Secretaria Estadual de Saúde não houve demora no atendimento. Mas o caso da aposentada de 92 anos não foi o único.
A falta de atendimento a gestantes no Rio de Janeiro e a morte de uma aposentada em Salvador neste fim de semana mostraram a fragilidade da saúde pública no Brasil. Na Bahia, Dona Maria Joana esperou por uma vaga na UTI mais tempo do que pôde suportar.
A aposentada Maria Joana da Silva, de 92 anos, passou mais de um mês internada num posto de saúde da prefeitura de Salvador com infecção urinária e respiratória. Ela ainda foi levada para um hospital, mas, por falta de leito na Unidade de Tratamento Intensivo, teve que voltar para o posto de saúde.
Dona Maria Joana foi transferida, na última quarta-feira, para a UTI de um hospital de Salvador, especializado em doenças do pulmão. Já era tarde. O estado de saúde da aposentada se agravou e ela morreu no domingo com insuficiência respiratória.
A família não se conforma. “Se os hospitais públicos tivessem UTIs suficiente, não morreriam muitos pacientes na fila de UTIs. A minha mãe foi mais uma vítima”, lamentou Maria da Paz Silva, filha de Dona Maria Joana.
Para a Secretaria Estadual de Saúde não houve demora. “Deixou de haver indicação para a disponibilização da Unidade de Terapia Intensiva. Houve uma melhora do quadro e, no dia 28 de junho, ela voltou a ter indicação de vaga na UTI”, declarou Andrez Alonso, superintendente da Secretaria de Saúde (BA).
O caso da aposentada não foi o único. No mês passado, duas senhoras de 61 e de 103 anos tentaram vagas na UTI de um dos maiores hospitais públicos de Salvador. Uma foi transferida para um posto de saúde. A outra aguardou a transferência por cinco dias. As duas também morreram.
“Segundo a portaria 1101, é de aproximadamente 2,6 mil leitos de UTI tendo um déficit aproximado, calculado, de 1,5 mil leitos de UTI”, disse Andrez Alonso.
A Secretaria da Saúde da Bahia afirmou que, até o próximo ano, serão ser inaugurados 200 leitos de UTI.