Moradores da Cidade de Deus dão exemplo de solidariedade

Muita gente da comunidade se dedica a ajudar os outros. Um trabalho voluntário voltado a moradores antigos muito especiais tem melhorado a vida de centenas de idosos.



Veja como chegar à velhice com saúde

O cérebro precisa de estímulos para envelhecer bem. A alimentação tem que ser saudável, rica em fibras, óleos vegetais, frutas e legumes.

A repórter Tatiana Nascimento mostra o que fazer para chegar muito bem obrigado à velhice. Neste grupo, as pessoas têm entre 68 e 73 anos. Uma vez por semana, se reúnem para falar inglês. 
“Sempre estar aprendendo, acho isso muito importante. E nunca deixar de ter interesse”, diz Maria Helena Vilela, advogada. Aqui o importante é exercitar a mente. “Você não pode ficar em casa, sentado olhando pras paredes, também não dá pra ler dez livros ao mesmo tempo. Então, eu preciso de outra atividade, de preferência fora, que me obrigue a sacudir o esqueleto, e os neurônios, e ao mesmo tempo seja prazeroso”, diz Antonio Vieira da Costa, engenheiro. 

Como qualquer outra parte do nosso corpo, o cérebro sofre desgaste com o tempo. Algumas funções ficam prejudicadas quando a gente envelhece. Mas segundo os médicos, isso não significa que o esquecimento e a perda de memória sejam normais para quem já passou dos 70 anos. 

“A pessoa tem que ficar atenta a três coisas: primeiro, se a queixa de memória perdura; em segundo lugar, se ela vem piorando ao longo do tempo; em terceiro lugar, se essa queixa começa a trazer problemas sérios pro nosso dia a dia”, diz Carlos Paixão, presidente da Sociedade de Geriatria do Rio de Janeiro. 

O cérebro precisa de estímulos para envelhecer bem. Estudos na Alemanha e nos Estados Unidos já comprovaram: os idosos que praticam regularmente atividades física, intelectual e social têm menos doenças neurológicas, ligadas à memória, como o mal de Alzheimer, do que os outros, com vida não tão ativa. 

A alimentação tem que ser saudável, rica em fibras, óleos vegetais, frutas e legumes. Estudos europeus mostram que quem come peixe pelo menos duas vezes por semana tem menos risco de doenças do cérebro. 

Segundo os especialistas, tudo isso ajuda na circulação e evita problemas cardio-vasculares, que têm relação com os distúrbios de memória. 

“Muitas pessoas, acho que se confundem. Elas querem se manter jovens, e eu acho que não é por ai. Acho que a gente tem que envelhecer bem”, diz Mariah de Paiva, dona de casa. “Vocês procurando ter a cabeça boa, uma boa saúde, tem tudo pra chegar lá, numa boa”, diz Ana Rita Kadlec, dona de casa.

E para quem tem tempo livre...(e dinheiro sobrando)

Cursos rápidos no exterior são a melhor
forma de combinar prazer e cultura


Ilustração Atílio

Estudo realizado pela empresa GFK Indicator, especializada em pesquisas de mercado, mostrou que 63% das pessoas com mais de 60 anos das classes A e B viajam pelo menos quatro vezes por ano. De olho nesse filão, as agências de intercâmbio estão investindo em pacotes próprios para essa faixa etária, com programação especial e guias treinados para lidar com peculiaridades de quem, por exemplo, detesta excursões ou faz questão de acomodações de primeira linha. Além do aprendizado de uma língua estrangeira, o pacote inclui cursos de arte, gastronomia, moda e até ioga. Combinar lazer e cultura parece ser a maior demanda da geração mais velha, sobretudo de quem já está aposentado. "O intercâmbio deixou de ser coisa de adolescente. É certo que o esquema tem muito mais infra-estrutura. Tanto é que muitos clientes retornam nas férias seguintes", afirma Ana Beatriz Faulhaber, diretora da CP-4 Cultural Projects. Eis alguns pacotes:


ITALIANO COM GASTRONOMIA, em Florença

São quatro aulas semanais de culinária, cada uma com duas horas de duração, além do curso intensivo de italiano com vinte horas por semana.
Duração: duas semanas
Quanto custa: cerca de 3 000 reais, com hospedagem. Não inclui transporte aéreo nem refeições
Quem oferece: Student International Programs (SIP). Informações: (11) 3168-6658 ou www.siptravel.com.br


FRANCÊS E GASTRONOMIA, na Normandia

São 20 horas de aulas de francês e visitas a produtores de especialidades da região, como camembert e foie gras. Também inclui jantares em pólos gastronômicos.
Duração: uma semana
Quanto custa: cerca de 4 500 reais, com hospedagem em casa de família. Não inclui transporte aéreo.
Quem oferece: CP-4 Cultural Projects. Informações: (21) 2247-9787 ouwww.cp4.com.br


INGLÊS COM IOGA, em Vancouver

As aulas de ioga são em inglês. O programa combina o aprendizado do idioma com a prática da ioga. É necessário ter nível intermediário da língua.
 Duração: quatro semanas
 Quanto custa: cerca de 4 000 reais. Não inclui acomodação nem transporte aéreo.
 Quem oferece: Centro de Educação Canadense. Informações: (11) 3061-1400 ou www.studycanada.ca/brasil


FASHION DESIGN E INGLÊS, em Milão

O objetivo é ensinar o aluno a desenvolver uma coleção de moda. São oitenta horas-aula. É necessário ter nível intermediário de inglês.
Duração: de três a quatro semanas
Quanto custa: cerca de 8 500 reais, com acomodação em quarto duplo. Não inclui transporte aéreo.
Quem oferece: Student International Programs (SIP). Informações: (11) 3168-6658 ou www.siptravel.com.br

Eles têm a força

Chegar à maturidade com fôlego e disposição para se 
exercitar é o que se almeja em qualquer idade. Cuidar 
do corpo desde cedo é fundamental, mas a boa notícia 
é que se podem obter bons resultados mesmo que você 
tenha começado tarde. Confira a rotina de treinamento
de quem já passou dos 50 e se destaca em exercícios 
que exigem grande preparo físico


Escalada

Nome: Marcilio Moraes
Peso: 63 quilos
Altura: 1,68 metro 




Marco Terra Nova

Atividades físicas: Uma vez por mês, passo oito horas escalando alguma montanha. Também pratico natação e musculação com regularidade.
O que o exercício trouxe de positivo: De cara, com a escalada, perdi 5 quilos.
Estímulo para malhar: Não me sinto com 60 anos. Tenho muita disposição e fôlego. Nem os quatro dilatadores colocados no meu peito após um infarto me impedem de fazer exercícios.
Conselho para quem quer começar: Comece em muros indoor. Antes, faça alongamento de pernas, braços e costas por quinze minutos. Evite o treino dois dias seguidos. O corpo do iniciante precisa descansar pelo menos 24 horas. Não tente escalar sozinho.

 

Saltos ornamentais

Nome: Fernando Teles
Peso: 87 quilos
Altura: 1,70 metro
 



Oscar Cabral

Atividades físicas: Sou uma pessoa que sempre gostou de se exercitar. Velejo, nado e jogo tênis. Desde os 17 anos pratico saltos ornamentais três vezes por semana, durante 45 minutos. Em média dou 25 saltos por dia.
O que o exercício trouxe de positivo: Sensação de plenitude e bem-estar. Quando fico um tempo sem treinar me sinto cansado. Além disso, a prática do esporte ajuda a controlar a minha alta taxa de glicose.
Estímulo para malhar: Sinto quase uma imposição do corpo, mas também tem a vaidade. Exercícios ajudam a preservar a aparência.
Conselho para quem quer começar: Procure um clube sério. Comece com vinte minutos de aquecimento muscular seguido de alongamento. Depois, introduza exercícios em cama elástica ou pulando da borda da piscina.

 

Malhação

Nome: Nadia Freitas
Peso: 51 quilos
Altura: 1,58 metro
 



Oscar Cabral


Atividades físicas: 
Fui sedentária até os 30 anos. Faço uma hora de ginástica localizada, outra hora de exercícios aeróbicos (corrida ou bicicleta) e mais quarenta minutos de musculação seis vezes por semana.
O que o exercício trouxe de positivo: Ganhei qualidade de vida e tenho mais força de vontade para realizar as coisas. Com os exercícios, controlo a hipertensão. Os médicos dizem que a ginástica me salva.
Estímulo para malhar: Olhar no espelho.
Conselho para quem quer começar: Avaliação física e uma rotina amena de exercícios aeróbicos e treinamento de força. Opte por aulas coletivas para não desanimar.

 

 

Fontes: Ana Paula Shalders, campeã pan-americana de plataforma; Isabela Fortes, professora de ioga; Eduardo Rodrigues, da Associação de Guias e Instrutores Profissionais de Escalada do Estado do Rio de Janeiro; e Beto Potyguara, professor de educação física

 

Amigos no fogão

Você ainda não freqüenta uma confraria de comida
ou vinhos? Bem, não sabe o que está perdendo


Roberto Setton
Caro para chuchu
Enrico Fabetti, Eduardo e Julio Cruz 
(da esq. para a dir.), numa reunião da Amigos de Babette: 5 000 reais só para entrar no grupo em que mulher é barrada

Nos últimos tempos, o assunto se tornou recorrente entre os amantes da boa mesa. Para quem gosta de comer e beber bem, participar de um grupo de degustação se tornou imprescindível. "Chega uma hora em que você quer algo mais exclusivo e especial. Aí, a alternativa é reunir os amigos, investir nos produtos e aproveitar", diz José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, 69 anos, empresário de televisão e grande conhecedor de vinhos. Ele costuma reunir amigos em seu apartamento (só a cozinha tem 100 metros quadrados) para reproduzir receitas de seu amigo e celebrado chef espanhol Ferran Adrià. "Eu até desenho os pratos para que sejam montados exatamente como são na Espanha", afirma. A onda das confrarias ganha mais adeptos a cada dia. O fenômeno é difícil de mensurar por se tratar de algo absolutamente informal. E vêm daí suas melhores características. "No fundo, é uma excelente desculpa para reunir os amigos, ter um compromisso e comer muito bem", diz o mineiro Carlos Arruda, criador do site Academia do Vinho. Entre a turma que conta mais de 50 anos a procura é ainda maior. "Para ter um verdadeiro grupo é preciso contar com tempo e dinheiro. E só nessa idade se pode alcançar isso", comenta a baiana Constança de Carvalho, 63 anos, que ano passado – na companhia de quinze confrades – visitou dezesseis vinícolas chilenas e degustou 86 vinhos em dez dias.

Quem entende do assunto afirma ser preciso encarar a confraria com seriedade profissional. Só assim dá certo. É por isso que em muitas delas há estatutos rígidos, taxas de adesão e até bola preta para quem não se encaixa nas exigências. Quem entra na confraria Amigos de Babette paga de cara 5 000 reais, fora a mensalidade de 300 reais. Há quinze anos, os dezesseis integrantes (todos homens, já que mulher não entra) se reúnem todas as terças-feiras para cozinhar. Advogados, médicos, engenheiros encaram o fogão. A cada dois anos, eles reproduzem o cardápio do filme dinamarquês que inspira o nome do grupo. É de babar: sopa de tartaruga, blinis de caviar e codornas em massa folhada com foie gras e presunto cru. Há dois anos não entra ninguém. "Testamos o candidato em três jantares. Se não for bem, não entra mesmo", explica o enófilo Ennio Federico, 62 anos.

No Rio, a Confraria do Prazer organiza jantares temáticos para animar a noite. "Quando o papa João Paulo II morreu, organizamos nosso encontro em um restaurante polonês. Na época das Olimpíadas, fomos a todos os gregos", explica a empresária gaúcha Madeleine Patrício. O grupo de quinze convivas tem logomarca própria, boné, avental e camiseta. Extravagâncias são uma constante nos grupos. As confrarias constituem uma das poucas atividades em que ostentar (e divulgar para os amigos) não causa nenhum constrangimento. "Só degustamos champanhe, o que não é barato, não nego. Em vez de gastar com remédio caro, compro genérico, e uso o dinheiro no prazer que adoramos", brinca Núbia Talarico de Camargo, 60 anos, líder da Confraria Madame Pompadour, um grupo de quinze mulheres que se reúnem a cada vinte dias. Pelas flûtes da confraria já passaram bolhinhas dos clássicos Pol Roger Brut-Magnum, Cristal e Krug. A conta das refeições do grupo bate, facilmente, 4 000 reais. É ou não é uma delícia?

Xô, aposentadoria

Segundo os especialistas, continuar trabalhando é 
bom para o bolso, mas ainda melhor para a mente

Ilustração Negreiros

Você passou a vida imaginando tal dia. Aquele em que faria uma festinha de despedida com os colegas do escritório, entregaria o crachá e ficaria de férias até o fim da vida. Se na teoria chegar à aposentadoria é algo que, em geral, parece desejável, na prática pode ser frustrante. Com o envelhecimento da população mundial, sair do mercado aos 60 anos se tornou prematuro. Estar no auge da vida e vestir o pijama passou a ser um baque para a maioria dos profissionais. Sobretudo daqueles que trabalham desde a juventude. É uma mudança que inclui redução da renda e sensação de ociosidade e de perda de importância social, o que abala profundamente a auto-estima. Aposentar-se com um padrão de vida próximo ao dos tempos da ativa é um sonho cada vez mais distante para trabalhadores do mundo inteiro. Se o sujeito é funcionário público, terá uma perda de 20% de sua renda. Já aqueles que trabalham na iniciativa privada, se não possuírem um plano de previdência privada, vão embolsar cerca de 2 400 reais pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). "Chegar a uma idade e não poder comprar o que se quer ou ter de ficar fazendo conta é um desestabilizador", diz a psiquiatra especializada em terceira idade Márcia Menon, da Universidade Federal de São Paulo. Além disso, há o componente psicológico de ter a vida produtiva estagnada, uma porta aberta para a depressão. "Dos meus pacientes que se aposentam na faixa dos 60 anos, mais de 70% acabam sofrendo algum grau de depressão. Por isso, eu aconselho: adiem ao máximo", afirma o geriatra João Toniolo Neto, de São Paulo. Segundo ele, os sintomas da síndrome da pós-aposentadoria devem ser levados a sério. Muitas vezes, são confundidos erroneamente com enfermidades relacionadas à velhice, mas uma avaliação atenta pode diagnosticar o estado depressivo. Falta de memória, de concentração, fraqueza, cansaço e distúrbio do sono podem estar ligados à aposentadoria precoce. "Meu conselho é sempre cultivar interesses fora do ambiente de trabalho e, sobretudo, não esperar se aposentar para ver o que vai fazer na vida. Planeje antes para não ficar perdido", afirma Toniolo.



Amor não basta

Juntos há quarenta anos, eles 
contam como superaram as crises
e por que acreditam no casamento

Estatísticas sobre o casamento costumam ser perturbadoras. De acordo com números do IBGE, a cada ano uma em quatro uniões se desfaz no Brasil. Outra pesquisa séria mostra que sete em cada dez matrimônios terminam em até dez anos. Desanimador, não? A principal razão de tantas separações, segundo os especialistas, é o fim da paixão – algo tão certo e sólido quanto envelhecer. O grande dilema das pessoas casadas é como continuar unidas depois que arrefece a euforia dos primeiros tempos. O que sobra depois que a paixão acaba? Não existe receita que funcione em todos os casos, mas quem permanece junto depois de muitos anos parece contar uma história parecida: vontade mútua de manter a família, um projeto de vida em comum e muito companheirismo. Quem vive a situação explica melhor. Eis os depoimentos.


Otavio Dias de Olveira
"EU COMPARO A UM NEGÓCIO"
JOÃO MORAES, 63 anos, empresário, casado com CÉLIA, 55 anos, dona-de-casa

"Para ficar tanto tempo junto, é preciso mais do que amor. O que faz o casamento durar é ter projetos em comum. Pode ser a criação dos filhos, a compra de uma casa, a ampliação do patrimônio. Isso torna o elo sólido. Faz olhar para a frente. Eu comparo o casamento a um negócio. É preciso ter estratégias e planos de ação. Quem ouve pode achar que estou sendo pragmático demais, mas não é isso. Viver só de beijinhos não existe. Depois de quarenta anos, é preciso um desafio. Num casamento longo, passa-se por muitas crises e momentos intempestivos. No calor das brigas, você fala qualquer coisa, até que vai sair de casa. Mas, de fato, nunca pensei em me separar de verdade. São muitos anos de batalha juntos. Temos uma história. A gente não joga isso fora por qualquer bobagem. A vida íntima é outro aspecto desafiador. É preciso continuar atraente. Não dá para engordar, ficar desleixado, cair na monotonia. Quem faz isso não cuida da relação. Acredito que o segredo das uniões estáveis também é manter a individualidade. Poder ser você mesmo. Sem cobranças, sem interrogatórios, sem perseguições. Ter a própria vida. Viajar a trabalho, por exemplo, é ótimo. De longe, a gente consegue dar valor à mulher, à família, à rotina e perceber a importância desse porto seguro. A saudade renova a relação. É fundamental sair de cena e ver a própria vida juntos em perspectiva."


Oscar Cabral
"SOMOS UM BLOCO INABALÁVEL"
REGINA CARVALHO, 63 anos, dona-de-casa, casada com FERNANDO, 63 anos, consultor financeiro


"Há inúmeras situações na vida de um casal que colocam à prova o relacionamento. Momentos em que você pára e pensa: 'Isso vale a pena?'. No nosso caso, houve um episódio definitivo, que nos uniu como família de maneira irrefutável. Em 1989, nossa corretora de valores quebrou depois de receber um cheque sem fundos de Naji Nahas. Foi um tremendo escândalo financeiro. De um dia para o outro, ficamos sem dinheiro, expostos, vulneráveis. Ali, tivemos a noção exata de quanto um era necessário ao outro. Viramos um bloco inabalável, junto com nossos cinco filhos, contra todas as intempéries. Certamente muitos casais teriam se separado, mas aquilo mudou nossa relação (para melhor) para sempre. Claro que às vezes a gente se sente de saco cheio um do outro, mas passa. A convivência duradoura faz a gente distinguir o que é importante do que não é. Não sou insegura, mas claro que já desconfiei dele. Mas nunca fui de procurar fios de cabelo e dar incertas. Quando cheguei à conclusão de que queríamos ficar juntos para sempre, deixei de me preocupar. Se houvesse traição hoje, eu acharia uma piada. Não iria aceitar, mas não ia chutar o balde por isso. Nunca achei que um dia fosse pensar assim."

A idade do poder

Raphael Falavigna
Falando aos grisalhos
Maurício, autor do projeto gráfico, e Daniela, à frente de um time de nove jornalistas: dois meses de trabalho

O aumento da expectativa de vida da população mundial produziu um fenômeno irreversível. Vivendo mais e melhor do que seus pais e avós, a geração na faixa dos 50 anos está redefinindo o conceito do que é envelhecer. Se no passado chegar à meia-idade significava aposentar-se precocemente em várias áreas do comportamento (trabalho, relacionamento, sexo), hoje o que se vê é um grupo com mais disposição, saúde e dinheiro para curtir a vida ao máximo. Nos últimos anos, os cinqüentões passaram a se divorciar mais, a construir novas famílias, a paquerar como na juventude. Também adiaram a decisão de pendurar as chuteiras no trabalho por ainda ter energia sobrando. Ficaram mais saudáveis e estão mais vivos do que nunca na cama. Além de incrivelmente mais conservados, graças às inúmeras benesses das cirurgias plásticas, da ginástica e dos tratamentos estéticos. 

Otavio Dias de Oliveira
Talentos da maturidade
Kherlakian se arruma enquanto Chieko é maquiada: seis personagens para a capa fotografados entre Rio e São Paulo

Em 2025, o Brasil terá 33 milhões de pessoas com mais de 60 anos – quase duas vezes a população de Minas Gerais. Em países como Alemanha, Itália, Grécia e Japão, pela primeira vez na história esse grupo já é mais numeroso que o de crianças – uma situação que o mundo viverá em 2050, quando se prevê que as pessoas acima de 60 anos somarão 2 bilhões. Calcula-se que hoje a turma da chamada "terceira idade" (a que preferimos nos referir como "melhor idade") já movimente 90 bilhões de reais por ano no país. Para esses novos consumidores velhos, há uma indústria trabalhando a todo o vapor. Pela primeira vez, VEJA publica uma edição especial dedicada a esse grupo. Nas próximas páginas, você poderá conferir as principais mudanças na vida da turma grisalha, que estão retratadas nas reportagens editadas pela jornalista Daniela Pinheiro – que por dois meses comandou uma equipe de nove jornalistas –, com projeto gráfico do designer Maurício Cioffi. A iniciativa vai ao encontro de uma tendência mundial. Só nos Estados Unidos, há cerca de quinze revistas mensais destinadas ao público maduro.

"Eu não sei ficar"

Quem passa dos 50 quer algo mais
sólido do que apenas uma noite

Otavio Dias de Oliveira
Oscar Cabral
A paulista Sonia Ramalho, 54 anos:
"A internet é ótima para conhecer novos pretendentes"
O carioca Artur Bernstein, 70 anos:
"Ainda estou no mercado"

"É uma bobagem, mas ainda fico muito nervoso na hora de conhecer alguém", confessa o publicitário carioca Artur Bernstein, 70 anos, alto, magro, extremamente elegante. Divorciado há oito anos pela segunda vez, ele se diz de volta "ao mercado", mas sem muito sucesso em suas investidas. "Nessa idade, a gente não sabe muito bem por onde começar", conta. Ter a impressão de que paquerar depois de uma determinada idade se torna mais complicado é natural. Os códigos e as regras da sedução parecem ter se alterado de maneira definitiva. Para quem é do tempo em que se namorava no sofá da sala, pensar em "ficar" uma noite ou ser assediado atrevidamente por alguém mais jovem, por exemplo, pode soar estranho. "Sinto-me perdido. 'Ficar' é muito chato e vazio", afirma Bernstein. Mas não é bem assim. De fato, segundo os especialistas, a principal diferença na hora de encontrar um par depois dos 50 anos diz respeito às expectativas e à bagagem de vida de cada um. Lidar com ex-mulheres e ex-maridos, filhos, doenças, frustrações, decepções não é fácil. "É também uma fase da vida em que não se quer mais construir uma família. O que vale é o companheirismo. É quando só importam sentimentos e intenções verdadeiras. E isso é difícil encontrar", disse a VEJA a escritora americana Alice Solomon, autora do livro Find the Love of Your Life After 50 (Encontre o Amor de Sua Vida Depois dos 50). A professora paulista Sonia Ramalho, 54 anos, dois ex-maridos, concorda. Nos últimos anos, colecionou histórias de paqueras frustradas. "Ou eles querem as jovens ou só casos sem compromisso. Busco algo menos superficial", diz. Recentemente, ela recorreu à internet para conhecer pretendentes. "Troquei e-mails com uns cinqüenta homens e cheguei a sair com cinco. Foi uma experiência válida porque peneirei bem quem eu queria", conta.

Tão bom quanto aos 30


Internet, Viagra e corpos enxutos. A vida
sexual da turma grisalha está cada vez melhor

Tenho certeza de que nossa vida sexual é tão animada como a dos nossos filhos", diz a arquiteta carioca Neise Zenobio, 51 anos, casada com o ator gaúcho Marcos Wainberg, 56 anos. Juntos há onze anos, eles afirmam ser tão interessados em sexo quanto na juventude. "Por que não? Sou a mesma pessoa, tenho os mesmos desejos. Claro que o vigor físico é outro, mas é a única diferença", conta ela. Se no passado a freqüência de relações sexuais de um casal minguava com o passar dos anos, hoje não se pode dizer o mesmo. Uma pesquisa do Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo revelou que cerca de 95% dos homens e mulheres na faixa dos 50 anos têm vida sexual ativa. E que a maioria absoluta considera o próprio desempenho na cama muito satisfatório. "É uma mudança própria da geração que vai viver mais do que a dos pais e avós. Todas as fases da vida vão se estender, e o sexo está incluído", diz o psiquiatra paulista Moacir Costa.

A turma grisalha passou a viver intensamente a sexualidade graças a uma sociedade menos preconceituosa, aos avanços da medicina e ao empurrão da cosmética. Pode parecer bobagem, mas, quando novelas e filmes passam a exibir cenas tórridas de amor entre pessoas mais velhas, a compreensão de que se trata de um comportamento natural se consolida – como no filme Alguém Tem que Ceder, com ícones como Jack Nicholson, 68 anos, e Diane Keaton, 59 anos, se beijando sob os lençóis. A internet também contribuiu imensamente para tirar do marasmo a vida de quem é divorciado, solteiro ou viúvo. Só no site de relacionamentos ParPerfeito, o maior do país, há cerca de 130 000 inscritos com mais de 50 anos. Quem não sabia onde procurar um parceiro – mesmo que para aventuras passageiras – agora tem uma ferramenta eficiente. "Isso é a verdadeira globalização", diz o diretor de conteúdo do site, Guilherme Oliveira. Outro fator é o impressionante descompasso entre a idade cronológica e a disposição física, psicológica e emocional de quem entrou na casa dos "enta". Antes, o certo e esperado para quem se tornava avô ou avó era ficar grisalho, meio flácido, largado e conformado com a falta de sexo – o que hoje é quase impensável. "As pessoas se cuidam muito mais. Ficam jovens, atraentes e desejáveis por mais tempo. É claro que para isso é preciso ter acesso a muita informação e dinheiro sobrando", afirma o psiquiatra Ronaldo Pamplona da Costa, da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana.

É fato que várias mudanças físicas ocorrem com o envelhecimento. Dificuldade de ereção, ejaculação precoce, diminuição da libido, tudo triplica com o passar dos anos. Mas a medicina contribuiu muito para resolver a questão. Com o advento do Viagra e seus concorrentes (Cialis, Levitra), os homens conseguiram estender sua vida útil na cama por muitos anos. Já elas puderam se livrar dos incômodos da menopausa graças aos benefícios da reposição hormonal. Há quem discuta os perigos oferecidos pelo tratamento, mas quem ouve falar de seus benefícios em geral decide correr o risco. A febre dos comprimidos contra impotência é inegável. Só no ano passado, os brasileiros consumiram 16 milhões deles. A engenheira carioca Branca Terra, 50 anos, divorciada há sete, dá seu testemunho: "Nem sei mais como é o sexo sem o Viagra. A maioria dos homens toma. Eles ficam agitados e vermelhos, mas o sexo é muito bom".

 


Clube dos descasados

Divorciar-se na meia-idade é doloroso, sim. 
Mas nunca foi tão fácil voltar a curtir a vida


Roberto Setton
"Não tenho dúvida: na minha idade, só fica solteiro quem quer."
Luiz Roberto, cercado pelas amigas com quem sai semanalmente para dançar

A estatística impressiona. De acordo com dados do IBGE, nos últimos seis anos o número de divórcios entre homens e mulheres com mais de 50 anos subiu 40%. Só para se ter uma idéia, no total da população o aumento não chegou a 15%. Voltar à solteirice depois de vinte ou trinta anos de vida a dois pode parecer tarefa mais árdua que a de uma separação nos primeiros anos de casamento. Na maturidade, o patrimônio da família já está estruturado, os filhos crescidos têm vida própria, o casal se acostumou com as manias um do outro. Mas nada disso parece ser mais garantia de uniões longas. "Estou no meu auge, não podia me conformar com pouco. Buscava algo melhor e encontrei. No começo, é sempre difícil, mas não troco meu estilo de vida hoje por nada", diz o relações-públicas paulistano Luiz Roberto Rodrigues, 57 anos, separado há seis, depois de um casamento de quase três décadas. Sua vida social é invejável: sai uma vez por semana para dançar bolero e chachachá em companhia de amigas solteiras, viúvas ou separadas, freqüenta barzinhos, vai ao cinema e ao teatro semanalmente e também passou a jogar tênis. "Na minha idade, só fica solteiro quem quer. Para alguém interessante não existe mais solidão", afirma.

Especialistas são unânimes em apontar como causas do fenômeno a elevação na expectativa de vida – que hoje é 35% mais alta do que há cinqüenta anos –, a independência financeira feminina e os medicamentos contra disfunção erétil. Quando se considera que alguém aos 60 anos – se não for vítima de uma doença incurável ou de um acidente – vai viver pelo menos mais vinte (segundo pregam as estatísticas), pensar em mudar de vida ou fazer planos para o futuro é algo absolutamente natural. "A terceira idade agora começa aos 80 anos. Não é clichê que aos 50 e poucos ainda se tem tempo para tudo", explica Leila Maria Torraca de Brito, do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O fato de as mulheres também terem conquistado uma posição relevante no mercado de trabalho e, por conseqüência, dinheiro para se sustentar sem a ajuda do marido também é um motivador para dar fim a relações sem sentido. Foi o caso da comerciante carioca Dea Durão, 58 anos. Em 2002, ela se separou do marido, depois de 25 anos de vida em comum. "Namorar é o melhor da vida. Nem penso em me casar novamente", diz. Bonita, arrumada e sempre assediada por homens mais jovens, a vendedora paulista Vera Lúcia Araújo, 49 anos, separada, amiga de Luiz Roberto (na foto, a segunda da esq. para a dir.), concorda: "Estou na melhor fase da minha vida. Desde 2001 tive três namoricos. Todos eram nove ou dez anos mais jovens do que eu. Tenho do que reclamar?".

No Brasil, em mais de 70% dos processos de separação não consensual, justamente a mais dolorosa, a responsabilidade é feminina. No entanto, na faixa etária acima dos 50 anos, os pedidos de separação feitos por homens superam os de mulheres. Estudiosos acreditam que os remédios contra impotência têm um tremendo peso nesse fenômeno. "O sujeito passa a se sentir um garoto aos 60 anos. Dispõe de tempo, dinheiro e vigor para começar uma nova família", comenta o psiquiatra paulista Luiz Cuschnir. E é o que, em geral, acontece. Mesmo que a turma dos solteiros convictos pareça fazer mais barulho, o fato é que boa parte dos divorciados cinqüentões volta a se casar. Pesquisa recente realizada pela revista americana AARP, dedicada ao público grisalho, que entrevistou 1 200 homens e mulheres com idade entre 40 e 79 anos, revelou que a maioria absoluta dos separados reencontra um amor em menos de oito anos. A explicação é simples: quem já viveu um relacionamento estável (e feliz, obviamente) quer sempre mais.

30 dicas para viver melhor

Sabe-se que o envelhecimento é um processo biológico

que pode ser controlado. Há uma série de estudos
afirmando que um estilo de vida saudável é uma
das chaves da longevidade. Confira alguns deles

1. CASE-SE. Segundo estudo publicado no Health Psychology Journal, dos Estados Unidos, as pessoas que se mantêm em longas e bem-sucedidas uniões têm uma expectativa de vida maior em comparação àquelas que se casam novamente ou terminam a vida divorciadas.

2. EXPRESSE SUAS EMOÇÕES. De acordo com o Journal of Clinical Psychology,da Inglaterra, aqueles que manifestam suas emoções por meio de alguma atividade artística, como cantar, escrever e pintar, são mais saudáveis do que as pessoas que não o fazem.

3. TENHA HORÁRIOS. Evite a prática de exercícios entre as 11 da manhã e a 1 da tarde. É quando a produção de adrenalina atinge seu pico. O sangue fica mais grosso do que o normal, a pressão arterial sobe e o batimento cardíaco se eleva. Durante essas duas horas, é maior a probabilidade de uma placa de gordura se romper em um vaso, o que pode provocar derrame cerebral ou infarto no coração.

4. SEJA SOLIDÁRIO. Segundo estudo publicado na revista Psychology Science,dar apoio físico ou emocional a outras pessoas reduz em até 60% o risco de morte prematura no idoso.

5. PREFIRA AS COMÉDIAS. O riso espontâneo promove a dilatação dos vasos e melhora o fluxo sanguíneo. Também reduz os níveis de adrenalina e cortisol no sangue e aumenta a liberação de endorfinas, hormônios ligados às sensações de bem-estar e prazer. Quer mais? Ainda emagrece. Estudos da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, concluíram que dar boas risadas por um período de dez a quinze minutos faz uma pessoa queimar, em média, 50 calorias.

6. USE O FIO DENTAL. De acordo com pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, a inflamação bacteriana da gengiva, causada pelo acúmulo de resíduos alimentares entre os dentes, aumenta em 72% o risco de doença cardiovascular.

7. IMITE OS BRITÂNICOS. Ser pontual é bom, mas beber chá é ainda melhor. De acordo com o jornal Phytotherapy Research, o hábito cultivado pelos ingleses pode ajudar no combate à doença de Alzheimer. Estudos indicam também que o consumo de chá reduz os riscos de câncer. O chá verde é o que promete maiores benefícios.

8. LARGUE O CIGARRO. Fumantes regulares vivem, em média, dez anos menos do que um não-fumante. Cerca de 90% dos casos de câncer nos pulmões, a neoplasia que mais mata no Brasil, estão relacionados ao tabagismo.

9. TENHA FÉ. Segundo o International Journal of Psychiatry and Medicine, ter uma crença forte em algo ajuda a combater o stress e problemas emocionais. 

Leo Feltran


10. BEBA COM MODERAÇÃO.
 Estudos mostram que o consumo diário de até duas taças de vinho deve fazer parte da receita para uma vida longa. Até a cerveja, quando consumida moderadamente, pode trazer benefícios à saúde, apontam pesquisas recentes.

11. COMA MENOS. Nos Estados Unidos, um estudo comparou cinqüentões que viviam de dieta com outros que consumiam, em média, 2 000 calorias por dia. A conclusão foi que o primeiro grupo teve uma expectativa de vida cerca de 30% maior, além de aparentar ser mais jovem do que os congêneres da mesma idade.

12. MORE PERTO DE UM PARQUE. Um estudo realizado por pesquisadores japoneses concluiu que a expectativa de vida dos idosos que moram próximo a áreas verdes é maior do que a daqueles que vivem cercados de arranha-céus.

13. VÁ DE VERDES. Vegetais verde-escuros, como espinafre, rúcula e brócolis, são ricos em ácido fólico, uma substância que ajuda a manter a integridade do DNA.

14. MANTENHA A MENTE ATIVA. Pesquisas mostram que a doença de Alzheimer tem maior incidência entre as pessoas com baixo nível de instrução. Estudo publicado no New England Journal of Medicine relaciona a leitura, os jogos de cartas e de tabuleiro e as palavras cruzadas com a redução do risco de demência em pessoas com mais de 75 anos. 

Luis Crispino


15. TOME VITAMINAS. 
Cápsulas de vitamina C são as mais indicadas. Seu consumo ajuda a prevenir a degeneração macular, que afeta 3 milhões de brasileiros e é a maior causa de cegueira em pessoas com mais de 50 anos. Consulte seu médico sobre a dosagem.

16. CURTA O CHOCOLATE. Em pequenas quantidades, ele pode ser benéfico à saúde. Segundo estudo do King's College, de Londres, a quantidade de flavonóides encontrada em 50 gramas de chocolate é equivalente à de seis maçãs, duas taças de vinho ou sete cebolas. Os flavonóides têm sido apontados como importantes armas no combate aos radicais livres.

17. DE PREFERÊNCIA AOS PESCADOS. Peixes de água profunda, como salmão e anchova, são ricos em ômega 3. Esse poderoso antioxidante, segundo o jornal da Associação Médica Americana, pode reduzir em até 81% o risco de morte súbita no homem.

18. FAÇA SEXO. A atividade sexual traz sensações de prazer e bem-estar, combate o stress, aumenta a auto-estima e ainda queima calorias. Estudos mostram que as pessoas sexualmente ativas são mais saudáveis. Segundo a OMS, o sexo é um dos quatro pilares da qualidade de vida, ao lado do prazer no trabalho, da harmonia familiar e do lazer.

19. SEJA OTIMISTA. Após dez anos estudando como a personalidade de uma pessoa pode influir no aumento ou na diminuição da expectativa de vida, pesquisadores holandeses concluíram que ter uma atitude positiva pode diminuir em até 55% o risco de morte prematura.

20. NÃO PULE O CAFÉ-DA-MANHÃ. Pesquisa do Instituto de Gerontologia da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, averiguou que os centenários não costumam dispensar a primeira refeição do dia. 

Marlos Bakker


21. TENHA UM ANIMAL DE ESTIMAÇÃO.
 O conselho foi seguido por operadores da bolsa de valores de Nova York, avaliados em um estudo. Foi tão eficaz no combate ao stress que metade deles suspendeu o uso de medicamentos contra a hipertensão. Quem tem um bichinho em casa vai ao médico com menor freqüência, afirmam pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.

22. REDUZA O SAL. Essa medida é importante no tratamento e na prevenção da hipertensão arterial, um dos fatores de risco para doença cardiovascular. Evite mais de 6 gramas por dia, o equivalente a uma colher de chá.

23. INVISTA EM CULTURA. Depois de acompanhar 12 000 pessoas por nove anos, pesquisadores suecos observaram que, em média, as chances de uma pessoa alcançar a longevidade foram 36% maiores naquelas que cultivavam o hábito de realizar programas culturais, como visitar galerias de arte, assistir a peças de teatro e freqüentar concertos musicais.

24. SINTA-SE EM CAPRI. Está provado que uma dieta mediterrânea, rica em vegetais, peixes e azeite de oliva, pode afastar doenças como hipertensão, diabetes e obesidade, capazes de encurtar a vida em até dez anos. A pesquisa foi feita com 1 507 homens e 832 mulheres, entre 70 e 90 anos, em onze países europeus.

25. ABUSE DO MOLHO DE TOMATE. Pesquisas conduzidas pelo médico americano Michael Roizen, autor do livro Idade Verdadeira e fundador do RealAge Institute, um dos mais respeitados centros de estudo da saúde e do metabolismo humano, mostram que dez colheres de molho de tomate ingeridas semanalmente podem reduzir pela metade o risco de ocorrência de onze tipos de câncer. O tomate é rico em licopeno, um antioxidante encontrado nos vegetais vermelhos.

26. DURMA BEM. Estudos sugerem que a falta de sono crônica pode ter um impacto negativo nas funções metabólicas e endócrinas. Quando se dorme menos de cinco horas, há um desequilíbrio no metabolismo.

27. CONTE ATÉ CINCO. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, esse é o número mínimo de porções de frutas e vegetais que uma pessoa deve comer por dia. A OMS defende que uma alimentação balanceada e rica em vitaminas, fibras e minerais pode reduzir em até 40% o risco de câncer. 

28. VÁ AO OFTALMOLOGISTA. Depois dos 50 anos, a chamada vista cansada se torna ainda mais comum. Com a idade, também aumentam os riscos de glaucoma e catarata. Além disso, alterações de fundo de olho podem indicar a presença de diabetes e hipertensão.

29. MODERAÇÃO COM A CARNE VERMELHA. Pesquisa sobre hábitos alimentares em dez países europeus concluiu que o consumo diário de carne vermelha aumenta o risco de câncer de intestino em até 35%. Mas não a evite. Proteínas são essenciais para quem faz atividade física regularmente, não só porque dão resistência mas também porque ajudam a tornear os músculos.

30. MOVA-SE. De acordo com a Associação Americana do Coração, o sedentarismo, por si só, aumenta o risco de doença coronariana em, pelo menos, uma vez e meia. Exercícios diários moderados ajudam a aumentar o tempo de vida em até seis anos.


Fontes: revista Psychology Science, Journal of Clinical Psychology, Universidade Vanderbilt, Universidade Harvard, Associação Médica Americana, International Journal of Psychiatry, Phytotherapy Research, New England Journal of Medicine, Journal of the American Medical Association, King´s College, Universidade de Cambridge, Federação Mundial de Cardiologia e Organização Mundial de Saúde, RealAge Institute, Universidade da Geórgia e Universidade de Loma Linda

 

Ser pai na velhice

O relógio biológico deles

Estudo mostra que, assim como os óvulos, 
o espermatozóide também envelhece

Pode ter sido culpa do Viagra, ou das mulheres que dão mais ênfase à carreira do que à vida pessoal, ou de casamentos consecutivos, ou da solteirice tardia. O fato é que, nos últimos anos, os homens passaram a ter filhos mais tarde. Rod Stewart engravidou a noiva aos 60 anos. Paul McCartney foi pai aos 61 e Michael Douglas aos 55. Não é privilégio de famosos. No Brasil, é notável o número de homens que se tornam pais em uma idade que, durante muito tempo, foi considerada a de ser avós. Segundo estimativas de especialistas, atualmente três em cada dez crianças nascem de um pai com mais de 40 anos. Pesquisadores da Universidade de Washington, em Seattle, nos Estados Unidos, descobriram que, a partir dos 35 anos, os gametas masculinos começam a perder mobilidade e "qualidade", o que poderia comprometer a saúde de um feto. Eles examinaram o sêmen de sessenta homens entre 22 e 60 anos e constataram que os que tinham mais de 35 apresentavam maior concentração de espermatozóides com defeitos no DNA. Isso aumentaria o risco de uma célula defeituosa fertilizar um óvulo, elevando a probabilidade de aborto ou do nascimento de crianças com pequenas anormalidades. "Quando se fala em problemas de gravidez tardia, pensa-se logo na mãe. O estudo mostra que o pai tem sua dose de responsabilidade", diz a médica Narendra Singh, que coordenou a pesquisa.

Não é caso de alarme. Dentre as anomalias citadas pelos cientistas estão dentes desiguais e ossos assimétricos. "Quando se analisa apenas a faixa etária, o risco de gerar crianças com síndrome de Down ou qualquer outra doença séria está muito mais ligado à mulher do que ao homem. É uma probabilidade de 1 para 8 000 no sexo masculino", diz o médico José Gonçalves Franco Júnior, responsável, entre outros, pela reprodução assistida dos trigêmeos do casal de apresentadores William Bonner e Fátima Bernardes. Nas mulheres com mais de 40 anos o risco de ter um filho com Down é de 1 em 106. Sabe-se que os homens são responsáveis por 30% dos casos de infertilidade nos casais. No entanto, isso nada tem a ver com a idade. "Quem é fértil aos 30 deverá ser aos 50. A menos que tenha desenvolvido alguma doença grave, como câncer de próstata", diz Franco. O que todos os médicos afirmam é que, ao pensar em ser pai tardiamente, o homem deve buscar uma vida saudável. Largar o fumo, fazer exercícios e manter uma dieta equilibrada vai fazê-lo, no mínimo, viver muito para ver seu filho crescer. E, para quem adia a paternidade voluntariamente, é bom saber que esperar até quando "estiver pronto" pode ser tarde demais.

AIDS Atinge Cada Vez Mais a Terceira Idade


A desinformação é a principal vilã dessa faixa etária. Muitos idosos desconhecem ou se recusam a usar métodos preservativos

Dados recentes do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) preocupam: no Brasil, há mais de 500 mil casos notificados da doença. Desses, mais de 15 mil atingem idosos - sendo que, em 1991, havia cerca de 950 ocorrências. Segundo o biólogo e especialista em imunologia Aldo Henrique Tavares, a falta de informação é o principal motivo do crescimento acelerado da Aids nessa faixa etária. "Há pouco tempo, não existia nenhum tipo de campanha para o público idoso. Isso surgiu recentemente, mas de forma muito escassa", afirma Aldo, que também é consultor técnico do Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica/DASA.

Para o especialista, a desinformação tem como consequência a vida sexual ativa sem proteção - o que contraria o mito existente há alguns anos, de que idosos não praticam sexo. De fato, a atividade sexual na terceira idade cresceu há pouco tempo. "Existem vários fatores que explicam a prática sexual em pessoas mais velhas. A melhora da qualidade de vida, o controle de sintomas da andropausa e da menopausa por meio da reposição hormonal e o surgimento de medicamentos, injeções e próteses são alguns deles. Trata-se de métodos recentes", explica Aldo.

Outros fatores fazem com que os idosos não utilizem preservativos: é algo que foi pouco utilizado ao longo de suas vidas; existe dificuldade técnica na utilização; há medo de perda de ereções; de uma maneira geral, a faixa etária conhece a camisinha apenas como anticonceptivo - e não como proteção contra doenças.

Mais uma preocupação crescente, de acordo com Aldo, é com relação ao diagnóstico da doença, que muitas vezes é tardio. Em geral, no início da infecção, o portador do HIV aparenta saúde. E mesmo quando manifesta doenças oportunistas, como tuberculose e pneumonias, há rejeição à probabilidade da presença do vírus. Há também atribuição errônea de sintomas, como fadiga e perda de peso ou de memória. "A última coisa que o idoso pensa é que está com Aids. Procurar um especialista é imprescindível, pois só ele poderá indicar corretamente os exames que devem ser feitos e, posteriormente, o tratamento compatível", informa o especialista.

As demais doenças sexualmente transmissíveis, ou venéreas, também estão alcançando cada vez mais a terceira idade. Entre elas estão candidíase, gonorréia, herpes, hepatite e outros tipos de infecções graves. "A prevenção com o uso da camisinha e a solidariedade com quem está doente são as melhores armas na luta contra a doença", finaliza Aldo.

Sobre o Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica

O Delboni Auriemo nasceu há mais de 45 anos em São Paulo e atualmente é considerado uma referência para o segmento de medicina diagnóstica. Com o objetivo de buscar continuamente a inovação, o Delboni criou o conceito de atendimento integrado, as chamadas MegaUnidades, com 3 mil exames de análises clínicas e diagnósticos por imagem no mesmo local. Com mais de 30 unidades na Grande São Paulo e Santos, a marca disponibiliza serviços e soluções diferenciados, oferecendo qualidade, confiança, conveniência e tecnologia de ponta. O Delboni Auriemo faz parte da Diagnósticos da América S. A./ DASA, maior empresa de medicina diagnóstica da América Latina.

Sobre a DASA

A Diagnósticos da América S/A é a maior empresa de medicina diagnóstica na América Latina em termos de receita bruta e população e a quinta maior rede no mundo. Com mais de 12 mil colaboradores, atende aproximadamente 55 mil pacientes por dia em 321 unidades. Processa em média, 6,5 milhões de exames por mês. Oferece mais de três mil tipos de exames de análises clínicas e diagnóstico por imagem. Atualmente, o grupo é formado por 21 marcas em treze estados - Delboni Auriemo, Lavoisier e Maximagem, em São Paulo; Bronstein, Lâmina e MedImagem, no Rio de Janeiro; Club DA, em São Paulo e Rio de Janeiro; Pa                    steur e Exame, em Brasília; MedLabor, em Brasília e Tocantins; Curitiba Santa Casa e Frischmann Aisengart, em Curitiba; Laboratório Álvaro, em Cascavel e Foz do Iguaçu; CientíficaLab, no Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro; Image Memorial, em Salvador; VITA Lâmina, em Florianópolis; Atalaia, em Goiás; Cedic e Cedilab no Mato Grosso; e LabPasteur e Unimagem, em Fortaleza.

Entrevista da Veja com Fernando Gabeira - Politico - Escritor - Jornalista e Fotografo (60 anos)










Fanny Ardant (60) será homenageada em Cannes


colaboração para a Folha Online

O Festival de Cannes anunciou que a atriz francesa Fanny Ardant, 60, receberá uma homenagem especial no evento cinematográfico, que acontece entre os dias 13 e 24 de maio.

Viktor Vasenin/AP
Atriz francesa Fanny Ardant será homenageada em Cannes
Atriz francesa Fanny Ardant será homenageada em Cannes

Segundo a revista "Variety", a 62ª edição do festival exibirá o primeiro filme dirigido pela atriz, "Ashes and Blood", em mostra fora da competição.

No longa, a atriz e diretora israelense Ronit Elkabetz ("Os Sete Dias") interpreta uma viúva, mãe de três filhos, que retorna para Marselha, na França, depois de ficar dez anos afastada. Lá, ela se vê envolvida em uma série de conflitos familiares.

Ardant também estrela o filme "Face", de Tsai Ming-liang, que está na seleção oficial. A obra é patrocinada pelo Museu do Louvre e tem no elenco outros nomes franceses, como Jeanne Moreau, Nathalie Baye, Mathieu Amalric e Laetitia Casta.

Truffaut

Ela participou do filme italiano "Il Divo", de Paolo Sorrentino, que ganhou o Prêmio do Júri de Cannes no ano passado.

Uma das mais respeitadas atrizes da França, Ardant atuou em "A Mulher do Lado", de François Truffaut (1932-1984), com que foi casada, e "Oito Mulheres", de François Ozon, entre outros.