Categoria: Video "Terapia corporal usa movimentos da capoeira. Praticantes aprendem a viver com mais qualidade de vida"


Força e agilidade. Para se jogar capoeira, é preciso ter preparo. A impressão que se tem Mas um grupo de Taguatinga, cidade satélite de Brasília, é a prova de que é possível praticar capoeira mesmo depois dos 60. 

Foi Mestre Gilvan de Andrade quem criou a chamada capoterapia, uma terapia corporal através dos movimentos da capoeira e que pode ser praticada por pessoas de todas as idades. A ideia foi adotada pelos centros de saúde do Distrito Federal e se espalhou pelo Brasil. 

Mais do que uma atividade física, uma aula de ginástica, a capoterapia é um lugar para convivência, amizade, carinho, alegria. Um lugar onde as pessoas aprendem a viver melhor. 

"Eu tinha problema de depressão, vivia sempre nervosa, chateada, angustiada. Hoje não", conta dona Eulália Serra, de 62 anos. 

"Eu sentia muitas dores e tomava comprimidos. Aqui não", acrescenta dona Maria Silvia de Sales, de 63 anos. 

"Eu não aguentava fazer nada, ficava só sentada ou deitada", lembra Cecilia Anacleta Perdigão, de 74 anos. 

"Eu não abaixava do jeito que eu abaixo hoje", comemora dona Maria Edinar Modesto, de 83 anos. 

O trabalho de Mestre Gilvan com os idosos despertou a curiosidade da Faculdade de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde. A pesquisa está só começando, mas eles querem avaliar quais são de fato os efeitos da capoterapia. 

"Vemos idosos que tomavam de R$ 600 a R$ 700 em remédios e hoje não tomam nada ou apenas alguns", conta Mestre Gilvan. 

"Os idosos vão perdendo massa muscular, e todo o sistema ósseo e muscular vai enfraquecendo. A atividade física promove bem-estar", diz a médica Maria do Carmo Sorci Dias.

A equipe do Globo Repórter foi conferir alguns resultados. Dona Noêmia esqueceu a artrose e aos 70 anos parece uma jovem. Dona Cecília, de 74 , sofreu um AVC e precisava de ajuda até para caminhar. Agora faz tudo sozinha. A maior surpresa foi dona Diná: com 83 anos, ela tem uma disposição de criança. Energia que, para ela, vem dos exercícios que começou a fazer há dez anos. 

"Ela era uma pessoa muito nervosa, já amanhecia o dia xingando, irritada com tudo. Depois que começou a praticar atividades físicas, ela mudou totalmente. Hoje ela é uma pessoa de bem com a vida. Ela é feliz demais", conta Aparecida Modesto, filha de dona Diná. 

"Juntando as cinco filhas, nós não temos a metade da disposição que ela tem", completa Ivone Modesto Souza, filha de dona Diná. 

Hoje dona Diná esqueceu as dores. É um sobe-e-desce de escadas, um vai-e-vem. Ela arruma a casa, molha as plantas, varre a calçada. 

"Nós que já temos idade temos que fazer exercício, caminhar, trabalhar, não parar", diz dona Diná. 

E o que ela ainda mais gosta de fazer é cozinhar. Na hora de fazer o bolo, se abaixa com facilidade. Bota os ingredientes – leite, ovo, farinha, polvilho – e se abaixa de novo. 

"O segredo é não ficar à toa", aconselha dona Diná. 

E dona Diná não fica mesmo. Logo cedo, ela veste a roupa da ginástica e vai para a capoterapia. 

"Eu renovei, porque estava uma velha rabugenta", conta dona Cecília. 

"Só vou largar quando morrer. Peço a Nossa Senhora Aparecida para viver muitos anos ainda", revela dona Maria.