Praticar exercício reduz quedas em idosos, sugere estudo


JULLIANE SILVEIRA
da 
Folha de S.Paulo

A prática de atividade física reduz as chances e os índices de queda de idosos. Uma meta-análise da Cochrane Collaboration (rede global dedicada a revisão e análise de pesquisas na área da saúde), que analisou 111 artigos científicos e dados de mais de 55 mil pessoas, constatou que um programa de exercícios realizados em casa ou em grupo e tai chi chuan são mais eficazes para prevenir tombos do que mudanças na casa e uso de suplementos de vitamina D.

Quedas são frequentes nessa faixa etária. Em geral, 30% das pessoas saudáveis com mais de 60 anos caem durante um ano. Acima dos 80 anos, a taxa sobe para 40%. "As quedas são mais perigosas porque os ossos estão mais frágeis. O reflexo é menor na terceira idade, e há mais tendência a fraturas. Além disso, a cicatrização é mais lenta e complicada", diz o ortopedista Moisés Cohen, professor e chefe da residência de medicina esportiva da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Só na cidade de São Paulo, por exemplo, 2.261 idosos foram internados de janeiro a novembro de 2008 por fratura de fêmur -a queda acidental foi responsável por 93% dos casos.

"Levantamentos mostram que 11% das quedas geram uma lesão muito importante. Os outros 89% têm uma sequela danada: as pessoas ficam com medo de cair de novo e isso restringe as atividades. A família fica em cima, superprotege; com isso, o idoso se movimenta menos, perde-se tônus muscular e a pessoa cai de novo, criando um círculo vicioso", afirma o geriatra Sérgio Pachoal, coordenador da Área Técnica de Saúde da Pessoa Idosa da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

A partir dos 40 anos, o organismo tende a trocar massa muscular por tecido adiposo (gordura), e esse processo é intensificado após os 60, sendo pior entre idosos sedentários.

A perda de musculatura compromete o equilíbrio nessa faixa etária, pois um dos fatores de risco mais importantes para queda é a fraqueza das pernas. "Quando o aperto de mão é fraco, é possível ter noção de que a capacidade muscular de todo o corpo está prejudicada", compara Paschoal.

A falta de exercícios e de flexibilidade faz com que o idoso passe a andar com os joelhos levemente flexionados, e isso altera seu centro de equilíbrio.

Atividades

Exercícios são altamente recomendados, mas o idoso deve ter autorização médica para praticá-los.

Como marcha lenta, passos muito curtos e dificuldade de equilíbrio contribuem para os idosos caírem mais, atividades que trabalhem a musculatura das pernas e dos quadris devem compor o programa de atividades nessa faixa etária.

Exercícios de resistência são eficazes para aumentar o tônus muscular, e séries que ajudem a fortalecer a musculatura da coluna favorecem uma postura mais ereta.

O tai chi chuan, mencionado na meta-análise, ajuda a melhorar o equilíbrio e o tônus muscular. "A pessoa se condiciona, porque as posturas exigem muito das pernas ao mesmo tempo em que é treinado o equilíbrio", diz Paschoal.

Para melhorar a flexibilidade, exercícios de alongamento e pilates também são indicados. Se joelhos e tornozelos são flexíveis, a chance de queda diminui, pois o idoso consegue dar passos mais firmes e longos.

Outras intervenções

Considerados menos importantes na pesquisa da Cochrane, algumas mudanças também ajudam o idoso a cair menos.

Uma delas, que atinge principalmente as mulheres, é abolir o uso de chinelos de tiras (como pantufas e tamancos), que levam a um passo mais arrastado e acostumam mal o idoso.
Alguns medicamentos, como os calmantes, também favorecem quedas e podem ter dose ajustada para minimizar riscos.

Em casa, é indicado sinalizar escadas e degraus e instalar barras de apoio nos banheiros. Os vasos sanitários e a cama não devem ser muito baixos, para que o idoso consiga se sentar e se levantar mais facilmente. Deve-se manter um ponto de iluminação durante a noite, caso o idoso precise se levantar.