Rejeitados em função da carência, os mais velhos muitas vezes pagam planos de saúde a vida inteira e só descobrem que são ruins no momento em que precisam de um serviço |
Rio - As mudanças previstas pela portabilidade vão beneficiar 6,3 milhões de consumidores, menos de 20% dos clientes de planos de saúde no País. Vítimas dos preços altos cobrados pelas operadoras e do medo de precisar de atendimento, internação ou exame imediatos, os idosos serão os maiores beneficiados pelo serviço. “O idoso tem dificuldade de sair do plano, por causa da carência, e também porque está acostumado. Às vezes, ele pagou durante anos e, quando precisou do atendimento, descobriu que era ruim. Nada mais justo que possa sair”, diz Fábio Fassini, da ANS. Arlindo de Almeida, presidente da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), também acredita que a terceira idade será quem mais vai fazer valer o benefício: “Muitas vezes, eles estão descontentes com uma operadora, mas não mudam porque não podem cumprir a carência, e se sentem reféns do plano”. Professora aposentada, Ruth Manhães, 82 anos, já conseguiu negociar com outras operadoras o não-cumprimento da carência. “Na minha idade, não dá para ter carência”, queixa-se. Ela conta que sua filha, que vai completar 59 anos, está preocupada com o aumento que está por vir na mensalidade, já que chegou à última faixa etária: “Minha filha está pensando em mudar de plano. Mas, diante disso (da portabilidade), vão aparecer empresas oferecendo vantagens”. Advogada do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Juliana Ferreira lembra que apenas quem tem planos individuais ou familiares após 1999 poderá usar a portabilidade, o que pode deixar muitos idosos de fora: “A maioria deles tem planos antigos”. O QUE CONSIDERAR NA MUDANÇA Analise os motivos pelos quais quer trocar de plano: preço, rede de atendimento e qualidade Confira detalhadamente quais serviços a outra operadora está oferecendo e se a rede de atendimento atende às suas principais necessidades; Localize todos os planos de saúde compatíveis com o seu no mercado e faça uma comparação com muita atenção. Veja preço e qualidade; Antes da troca, faça uma relação de itens: analise se pretende ter filhos, se viaja muito ou pouco, rede de hospitais oferecida e se você tem doença crônica na família; No momento em que escolher a operadora, entre em contato com a empresa e faça a solicitação da proposta de adesão ao novo plano; Apresente cópia do pagamento dos três últimos boletos e comprove permanência de dois anos no plano de origem; A resposta da operadora do plano de destino deve sair em até 20 dias após a assinatura da proposta; O contrato do plano de destino entra em vigor 10 dias após a aceitação da nova operadora; Nenhuma taxa poderá ser cobrada dos clientes pelas operadoras. Após a troca, consumidor terá que ficar dois anos no novo plano Antes de tomar a decisão de trocar de plano, o consumidor deve refletir muito. Levar em conta apenas a vantagem financeira pode não ser o ideal. É importante analisar os serviços oferecidos pela outra operadora e a rede de médicos e hospitais credenciados. E o consumidor terá que observar bem as regras pois, após a mudança, terá que ficar dois anos no plano até pedir uma nova portabilidade. A novidade deve acirrar a concorrência entre as operadoras que farão de tudo para manter seus clientes e conquistar novos. A Assim Saúde vai oferecer a todos os contratados pela portabilidade benefícios por um ano. A Unimed informou que não terá uma política agressiva para captação de clientes via portabilidade. Golden Cross, Amil e Dix não anteciparam seus projetos. O QUE SERÁ OU NÃO PERMITIDO Faltando duas semanas para que a portabilidade comece a valer, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre o que é ou não permitido. Em entrevista a O DIA, o gerente geral econômico-financeiro de produtos da ANS, Fábio Fassini, esclareceu algumas para os leitores. 1. Uma pessoa internada pode utilizar a portabilidade de carência durante o mês de aniversário do seu plano? — O direito ao exercício da portabilidade está garantido. Enquanto não faz a transferência, a operadora de origem é a responsável pelo tratamento. Se não recebeu alta, não pode sair. O trâmite burocrático continua. O que não pode é a pessoa correr risco desnecessário de ser transferida. 2. Tinha um plano empresarial e fui demitido. Posso levar essa carência comigo para outro plano? — A norma da portabilidade não trata de plano empresarial. Tem que negociar com a operadora. Mas pode ser que a empresa queira mantê-lo como cliente. Nesse caso, acho que a negociação é até mais fácil. 3. Tenho um plano ambulatorial. Posso mudar para um que cubra parto? — A questão da cobertura é o principal ponto da capacidade que você tem de se movimentar. Ambulatorial e hospitalar não são equivalentes, porque as coberturas não são as mesmas. Cobertura maior pode migrar para uma igual ou menor. |
Fonte: O Dia Online. Na base de dados do site www.endividado.com.br |