No último dia 8, dona Arlete Izabel da Silva completou um ano vivendo nas dependências do Hospital Estadual Azevedo Lima, no Fonseca. A senhora de 78 anos divide um quarto com outros cinco pacientes. A diferença entre eles é que ela está com ótima saúde, segundo médicos, que já se acostumaram com a presença dela na unidade. Em fevereiro de 2010, dona Arlete foi encontrada por uma vizinha no chão de sua casa, no Morro do Castro, e foi internada no hospital com quadro sem gravidade, apenas com desnutrição e desidratação, o que possibilitou sua alta 18 dias depois. Mas, ela não pôde ir para casa porque não têm mais condições de viver sozinha. Sua família não foi encontrada. O imóvel onde dona Arlete morava não tem luz nem água.
A história de dona Arlete retrata apenas uma de muitas situações constrangedoras a que idosos abandonados ou em situação de risco são submetidos porque Niterói não tem um abrigo público para a terceira idade, como determina o Estatuto do Idoso. No ano passado, a Promotoria de Justiça de Proteção ao Idoso e à Pessoa com Deficiência instaurou 217 procedimentos investigatórios para apurar a situação de maiores de 60 anos que vivem nas ruas; em casa, doentes e isolados; ou em hospitais à espera de uma transferência para abrigos. Somente em janeiro passado, mais 24 procedimentos foram instaurados para averiguar esses casos.
A falta de abrigos para idosos levou o Ministério Público (MP) estadual a mover uma ação civil pública contra a prefeitura, obrigando a mesma a criar uma instituição para idosos. A ação, que corre na 8 Vara Cível, desde setembro. A prefeitura já foi notificada, mas ainda não respondeu.
Fonte: Globo.com (oglobo)