Motoristas idosos têm mantido o hábito de dirigir nos EUA.Pesquisa mostra que, apesar disso, acidentes não aumentaram..
Tara Parker-Pope Do 'New York Times'
Motoristas com mais de 70 anos de idade estão mantendo suas carteiras de habilitação por mais tempo e dirigindo mais do que as gerações anteriores, uma tendência que levou a previsões assustadoras sobre os riscos de acidentes de carro envolvendo motoristas da terceira idade. No entanto, uma nova pesquisa do Insurance Institute for Highway Safety deverá acalmar esse temor.
Ela mostra que acidentes de carro fatais envolvendo motoristas mais velhos na verdade diminuíram acentuadamente na última década. "Não é o que as pessoas esperavam", disse Anne T. McCartt, vice-presidente sênior de pesquisas do instituto. "Houve alguns estudos, incluindo nossa própria pesquisa, prevendo que acidentes com motoristas idosos se tornariam um problema cada vez maior." Em comparação a motoristas de idade intermediária (de 35 a 54 anos), motoristas com 75 anos ou mais tem taxas de mortalidade muito mais altas por quilômetro rodado (assim como aqueles com menos de 20 anos).
As taxas de mortalidade no trânsito aumentam acentuadamente após os 80 anos. Porém, isso não significa que pessoas mais velhas são piores motoristas ou tem uma tendência muito maior a bater o carro. Fatalidades no trânsito envolvendo jovens são quase inteiramente explicadas pelo fato deles terem mais acidentes do que motoristas experientes. Porém, apesar do número de acidentes ser levemente maior para pessoas mais velhas, o aumento do risco de morte num acidente de carro é explicado, em grande parte, pela fragilidade dos idosos.
Motoristas mais velhos têm maior tendência a sofrerem uma lesão ou ferimento grave, particularmente no tórax, e outras complicações médicas. No entanto, as fatalidades per capita entre os idosos têm diminuído 35% desde 1975 e hoje estão em seus níveis mais baixos. Apesar dos acidentes fatais estarem em declínio de uma forma geral, as taxas de mortalidade para motoristas idosos está caindo a um ritmo muito mais rápido.
De 1997 a 2006, o declínio anual em acidentes fatais entre motoristas de idade intermediária foi de 0,18 para cada 100 mil motoristas habilitados. Em comparação, o declínio para motoristas com idade entre 70 e 74 anos foi de 0,55 acidentes com morte para cada 100 mil motoristas habilitados. Para os idosos com mais de 80 anos, foi de 1,33. Motoristas mais velhos também tem menos tendência a causar acidentes envolvendo abuso de álcool. Em 2007, somente 6% dos motoristas com mais de 70 anos mortos em acidentes apresentaram níveis de álcool no sangue acima do limite legal. Para motoristas entre 16 e 59 anos, foi de 41%.
O instituto está conduzindo pesquisas mais aprofundadas para determinar por que os riscos aparentam estar diminuindo para motoristas idosos. Talvez eles hoje estejam em melhor forma física e mental do que os senhores da década passada. Dessa forma, eles não só tem menos probabilidade de cometer erros ao volante, comos também são menos frágeis e mais capazes de sobreviver a lesões e ferimentos. Pode ser também que os padrões de direção entre adultos mais velhos tenham mudado, com mais idosos dirigindo em rodovias, que são mais seguras do que ruas locais. Motoristas idosos podem ter mais probabilidade hoje de usar cinto de segurança ou optar por um carro mais seguro do que no passado.
A pesquisa sugere ainda que campanhas de conscientização aumentaram a percepção sobre os riscos envolvendo idosos no volante. Pesquisadores da Johns Hopkin relataram recentemente os resultados do estudo SEEDS (Salisbury Eye Evaluation and Driving Study), que observou mudanças na visão, cognição e saúde em 1.200 motoristas habilitados, com idades entre 67 e 87 anos.
O estudo, publicado no periódico "Investigative Ophthalmology & Visual Science", descobriu que, depois de um ano, 1,5% dos motoristas desistiram por conta própria de dirigir, e mais 3,4% deles restringiram sua direção intencionalmente devido à diminuição da capacidade visual. "Estamos decididos a realizar pesquisas para descobrir o porquê desse fenômeno", concluiu McCartt. "É realmente uma possibilidade que motoristas idosos, comparados àqueles de 10 ou 20 anos atrás, estão em melhores condições hoje, sob diversos aspectos".