Se os fãs não soubessem que ela está contracenando com Brad Pitt em "O curioso caso de Benjamin Button", Cate Blanchett não seria reconhecida no filme, que começa com um close dela em uma cama de hospital, na condição de uma mulher idosa debilitada.
A atriz australiana de 39 anos ganhou o Oscar em 2004 por interpretar Katharine Hepburn no filme "O aviador" e foi duas vezes indicada para disputar a estatueta no ano passado, pelo papel da rainha Elizabeth I ("Elizabeth: A era dourada") e do cantor Bob Dylan ("Não estou lá"). Em "Benjamin Button," que estréia nos EUA no dia de Natal, Blanchett mais uma vez se transforma em uma pessoa totalmente diferente, em mais um papel desafiador.
A atriz passa por uma notável transformação à medida em que a vida de sua personagem, Daisy, transcorre por oito décadas, desabrochando de uma menina alegre para uma linda dançarina de balé, depois envelhecendo enquanto o amor de sua vida inexplicavelmente fica mais jovem.
Ela diz que boa parte do crédito por sua metamorfose se deve ao "inacreditável talento dos artistas maquiadores".
Mas a atriz também afirma que seu desempenho se baseou amplamente em experiências de sua juventude -- das lições de balé na infância ao relacionamento próximo com sua avó e seu primeiro emprego, aos 14 anos, servindo refeições em um lar para idosos.
"Eu ia para lá depois da escola, e o cozinheiro já tinha preparado a refeição. Eu tinha de colocar a comida nos pratos e servir para as pessoas, conversar um pouquinho com elas. Depois tinha de limpar tudo e colocar no lugar", relembrou Blanchett em uma entrevista recente.
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Em recordações que parecem sair diretamente do filme, ela lembrou que um dos funcionários do asilo expressou consternação quando um paciente era admitido tão rapidamente no lugar de outro que havia acabado de falecer, dizendo que parecia que "a cama ainda estava quente".
"Imagine uma garota de 14 anos ouvindo isso. 'Nossa, aquela pessoa se foi e uma outra já entrou?' A vida realmente é um estacionamento de carros", disse ela.
A rápida passagem do tempo, e de vidas que vêm e vão, é explorada no filme "O curioso caso de Benjamin Button", um drama épico romântico sobre um homem, interpretado por Pitt, de 45 anos, que nasce na faixa dos 80 anos e vai ficando jovem.
Abandonado ainda bebê na porta de um lar de idosos em New Orleans no fim da 1ª Guerra Mundial, ele é adotado pelo encarregado desse asilo e cresce na companhia dos moradores velhos e ou à beira da morte, que se tornam sua grande família.
Em uma transformação feita com ajuda de imagens gráficas de computador, Benjamin passa boa parte de sua infância de "velhice" em uma cadeira de rodas ou com muletas, mas gradualmente supera as deficiências causadas pela idade avançada à medida que chega à vida adulta.
No restante do filme, indicado para cinco Globos de Ouro e considerado um candidato ao Oscar, Benjamin é mostrado na busca de seu caminho no mundo.
Os personagens interpretados por Pitt e Blanchett -- que atuaram juntos anteriormente como um casal em "Babel", de 2006 -- primeiro se encontram como crianças e depois suas vidas se cruzam em vários momentos enquanto eles tomam direções opostas no filme.
Dirigido por David Fincher (de "Seven", "Clube da luta", "O quarto do pânico"), o filme foi adaptado de um conto de F. Scott Fitzgerald, dos anos 20. Fitzgerald se inspirou em um comentário do escritor Mark Twain: "A vida seria infinitamente mais feliz se nós pudéssemos nascer com a idade de 80 anos e gradualmente nos aproximássemos dos 18".