A memória da aposentada Flauzina Santos preocupa a família. “Qualquer coisa que eu ponho na cabeça, eu acabo esquecendo”, conta a aposentada. “Se ela põe uma chave no bolso, ela não sabe onde pôs”, explica Emília Santos, filha de Flauzina. Dona Georgina Ribeiro não se lembra das ruas perto de casa. “Teve um dia em que me perdi. Eu custei a achar o lugar e ir embora”, conta Georgina. De acordo com a Sociedade Brasileira de Alzheimer, a estimativa é que 1 milhão de brasileiros tenham a doença que provoca o esquecimento. Mas, segundo o Ministério da Saúde, por descuido das famílias ou dos serviços de saúde, apenas 40 mil pessoas estão sendo tratadas. “Só recentemente os médicos começaram a entender melhor o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer”, explicou Edgar Moraes, coordenador do Centro do Idoso da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ao contrário do que muita gente pensa, a perda de memória, segundo os médicos, não pode ser considerada normal só porque a pessoa está envelhecendo. Se um idoso começa a ter episódios freqüentes de esquecimento, é preciso procurar ajuda. Genilda levou a mãe. “Ela tem esquecido nomes de pessoas. Dos próprios filhos, ela não consegue lembrar”, contou Genilda ao médico. Em mutirões, como um realizado no Hospital das Clínicas de Belo Horizonte, médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) estão sendo treinados para chegar ao diagnóstico. “Vai ajudar para que a gente faça uma triagem melhor dos pacientes, e para que eles sejam encaminhados para o centro de referência adequadamente”, ressaltou o médico Rodrigo Lage. O Alzheimer causa a destruição dos neurônios e é irreversível, mas o tratamento pode atrasar a evolução da doença. Quanto mais cedo, melhor. Com o diagnóstico em mãos, a família de Flauzina descobriu que até os remédios são fornecidos de graça pelo SUS. “Vou procurar, agora, fazer o tratamento, porque a cabeça da gente é que manda no corpo”, concluiu Flauzina.