Insegurança e questionamentos também fazem parte do universo das pessoas idosas quando o enfoque é o sexoDaniela Calderaro“É possível dizer que os idosos têm tantas dúvidas a respeito da própria sexualidade quanto os adolescentes”. Essa afirmação quem faz é a pesquisadora Helena Brandão Viana, apresentada à Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp. Para tanto ela investigou o comportamento e consequentemente o estilo de vida de dois grupos de idosos, um formado por sedentários e outro por praticantes de atividade física. Para obter um resultado satisfatório a pesquisadora adaptou uma escala (questionário) capaz de medir o grau de informação dos entrevistados acerca de um determinado tema. A escala foi criada nos Estados Unidos, visto que o Brasil não dispunha do instrumento de pesquisa. “Pudemos identificar a partir da pesquisa que esse assunto é negligenciado pelos estudiosos e continua sendo alvo de preconceitos por parte da sociedade”, revela Helena.OportunidadesOs idosos gostariam de ter mais oportunidade para se informar e também falar sobre a sua própria sexualidade. De acordo com Helena, as entrevistas revelaram aspectos importantes da sexualidade na velhice. O primeiro deles é que o assunto permanece negligenciado. “A área médica, por exemplo, investiga muitos aspectos da sexualidade, mas não aborda amplamente o tema em relação à velhice. Quando o faz, os estudos são concentrados nas questões das perdas, como as disfunções eréteis ou a falta de lubrificação vaginal Isso contribui, ainda que indiretamente, para a manutenção de mitos como a que afirma que a velhice impediria uma vida sexual ativa. E definitivamente isso não é verdade”, afirma a educadora.O estudo apurou também que o desconhecimento sobre a sexualidade na velhice é apontado pelos idosos. Eles revelam a importância e a necessidade de se informar mais, mas sentem vergonha de abordar o tema com seu médico, e pior ainda quando a mulher é viúva. Por outro lado, muitos médicos evitam o assunto com receio de constranger suas pacientes. “Essa falta de diálogo é preocupante, pois impede que esse grupo seja devidamente esclarecido”, afirma a autora da tese.Eles e ElasEm relação às principais dúvidas dos idosos sobre a sexualidade, a escala identificou que elas estão freqüentemente associadas a tabus que se mantêm ao longo do tempo. Muitas mulheres, por exemplo, não sabem até quando deveriam manter a atividade sexual. Várias pessoas acreditam no mito segundo o qual a menopausa seria um marco para a supressão dessa prática. “Algumas, por conta de crenças religiosas, consideram que o sexo está exclusivamente vinculado à reprodução. Logo, se elas já não são mais férteis, não deveriam continuar mantendo relações sexuais”, detalha Helena, que foi orientada em seu doutorado pela professora Vera Aparecida Madruga.Os homens, conforme apurou a escala, apresentam menos dúvidas do que as mulheres, mas mesmo assim também demonstram significativo grau de desconhecimento sobre a própria sexualidade. A questão que mais preocupa o grupo é a impotência. Muitos não sabem identificar se uma eventual dificuldade de ereção tem origem emocional ou fisiológica. “A grande dúvida é se a disfunção erétil é passageira ou duradoura”, aponta a pesquisadora. De acordo com ela, a pesquisa também permitiu perceber que o descompasso sexual entre homens e mulheres, tão comum na juventude e idade adulta, traz reflexos na velhice. Desempenho Isso ocorre, diz Helena, justamente porque a maior angústia dos homens reside no seu desempenho sexual. Já as mulheres preocupam-se mais com a possível diminuição da libido, do prazer. “O que a gente nota é que homens e mulheres têm compassos diferentes. Como afirma o ditado popular, mulher é fogão à lenha e homem é fogão a gás. Durante as entrevistas, nós pudemos constatar que muitas mulheres não tiveram uma relação satisfatória com seus maridos e, quando ficam viúvas, acabam usando a velhice como justificativa para dizer que não desejam mais ter uma vida sexual ativa. Como a mulher tende a adquirir um elevado grau de autonomia com a maturidade, se alguma atividade não lhe dá prazer, ela simplesmente abandona essa atividade. Isso vale tanto no plano sexual quanto em qualquer outro”. Conforme Helena, as pesquisas internacionais indicam que o hábito sexual do idoso é semelhante ao que ele teve durante a vida adulta. “Existem algumas perdas fisiológicas, claro, mas elas não interferem necessariamente no desempenho sexual. Se a pessoa tinha uma vida sexualmente saudável aos 30 ou 40 anos, nada impede que ela mantenha isso aos 60 ou 80”. A educadora física lembra que a sexualidade não se resume ao ato sexual em si. Ela contempla também companheirismo e afetividade, entre outros aspectos. “A sociedade precisa compreender melhor essas questões, para que os idosos não continuem sendo alvos de preconceito ou negligência nesse aspecto. Não podemos recriminar nem ridicularizar o idoso apenas porque ele quer ir a um baile ou deseja manter uma vida afetiva.Além de esse grupo ter direito a uma vida plena e com qualidade, não podemos esquecer que um dia nós também envelheceremos e desejaremos ser tratados com mais carinho e dignidade”, pondera.NutriçãoRanking estabelece índice nutritivo dos alimentosUma equipe de profissionais de diversas instituições americanas, liderada pelo especialista em nutrição David Katz, da Universidade de Yale, criou um índice de classificação nutricional dos alimentos. O ranking chamado de NuVal System (Índice Geral de Qualidade Nutricional) permite listar os alimentos mais nutritivos e saudáveis.Os criadores do índice argumentam que as informações incluídas hoje em embalagens de produtos são confusas e afirmam que o NuVal System pode resolver o problema. Cada produto recebe uma pontuação. Quanto maior ela for, maior o valor nutritivo do alimento. Segundo o site do NuVal System, ao aplicar os mesmos critérios para todos os produtos, o índice permite comparações entre alimentos de categorias diferentes. A fórmula usada para a montagem do ranking mede a qualidade nutricional de alimentos e bebidas com base em critérios já estabelecidos por profissionais de nutrição, saúde pública e médicos. Entre os critérios estão a tabela de doses recomendadas de nutrientes do Institute of Medicine, nos Estados Unidos.O sistema também mede a qualidade da proteína, da gordura e do carboidrato, assim como as calorias e a presença de gorduras ômega-3. Segundo a fórmula, um alimento nutritivo deve ter entre outros componentes, fibras, vitaminas A, C, D, E, B12, B6, potássio, cálcio, zinco e ferro. Açúcar, colesterol, sal, gordura saturada e gordura trans, quando presentes em um alimento, baixam sua posição no ranking.