A 13ª edição do evento acontece hoje, a partir das 12h. Durante a festa, será mais fácil encontrar sessentões e setentões embaixo do arco-íris
Fernanda Aranda
Os cabelos brancos começam agora a abraçar a bandeira do arco-íris. Aos poucos, os rostos que expressam experiências da passagem pelo Festival de Woodstock, pela revolução feminina e também pela sexual aparecem entre os milhares de novatos que participam da Parada Gay de São Paulo. Hoje, a partir das 12h, será mais fácil esbarrar com sessentões e setentões na festa. Ainda que com dificuldade, dizem os militantes, a terceira idade toma coragem para "sair do armário".
"Nós ainda não somos muitos, porém estamos em maior número do que nas edições anteriores", afirma Ricardo Aguieiras, de 61 anos, que há seis é militante das causa dos idosos gays. Neste ano, ele vai levar a bandeira "seja corajoso, namore um gay idoso", frase que, junto com uma tatuagem no pescoço, compõe as novidades preparadas por Aguieiras para a 13ª edição da Parada.
O bom humor que marca a campanha do recém membro da terceira idade, na verdade, é a "fantasia" para a discussão de um problema sério que afeta os homossexuais com mais de 60. A própria participação ainda restrita é indício de que o público sofre ainda mais resistência e preconceito. Quem topa ir à Parada ainda quer ficar camuflado. "A Parada tornou-se monumental. É fácil ponderar que a quantidade de participantes permite que pessoas que antes temiam participar fiquem tranquilas por agora poderem se esconder na multidão. É o caso dos idosos", acredita João Silvério Trevisan, de 65 anos, que desde sempre foi ao evento.
Maria Stella Pires, de 66 anos e pioneira na luta pelos direitos das lésbicas, porém, diz que com os mais jovens, ela e suas colegas têm aprendido uma boa lição. "Eu vejo jovens homossexuais de mãos dadas, beijando em público. Nós não tivemos oportunidade. Agora, podemos fazer isso." Marisa Fernandes, de 56 anos, que há 13 juntou uma Kombi, um megafone e outras 500 pessoas e formou a primeira Parada, acredita que a transformação galopante do evento "fortaleceu todo o movimento e também os que têm mais de 65". "É a hora dessa geração derrubar a porta do armário."