RIO - Entre 2008 e 2009, a expectativa do brasileiro ao nascer passou de 72,8 anos para 73,17 anos, um crescimento de três meses e 22 dias (0,31 anos). No período entre 1980 e 2009, a alta foi de 10,6 anos (10 anos, 7 meses e 6 dias). É o que mostra a pesquisa Tábuas Completas de Mortalidade 2009, divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE. A esperança de vida poderá chagar a 81,29 anos em 2050, segundo Revisão 2008 da Projeção da População do Brasil. Esta semana, o IBGE também divulgou as primeiras informações do Censo 2010. De acordo com o levantamento, a população brasileira ultrapassou 190 milhões de habitantes .
(Confira o mapa com os dados do Censo 2010)Juarez de Castro Oliveira, gerente da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, listou os fatores que têm contribuído para o aumento da expectativa de vida:
- O aumento da esperança já é algo esperado porque, evidentemente, o Brasil avançou. Não avançou tanto quanto deveria avançar, mas avançou no que diz respeito ao saneamento básico, ao aumento da escolaridade da população, à maior disseminação no território nacional e à melhoria do sistema de saúde e à própria percepção da população com relação a certas enfermidades, que antes eram tratadas de forma caseira, e hoje a população busca atendimento hospitar. A expectativa de vida ao nascer, particularmente, está associada à taxa de mortalidade infantil. E nas últimas décadas tivemos um avanço muito grande com campanhas de vacinação, incentivo ao aleitamento materno e melhoria do acompanhamento à gestante e ao recém-nascido.
Aumenta diferença da taxa de mortalidade entre homens e mulheres jovensAs mulheres continuam a ter maior expectativa de vida do que os homens. Em 2009, a esperança de vida masculina foi de 69,42 anos. Já para as mulheres, a média foi de 77,01 anos.
A taxa de mortalidade infantil obteve importante redução. Em 1980, correspondia a 69,12 óbitos para cada mil nascidos vivos. Em 2009, a taxa passou para 22,47. Em 2008, era de 23,30.
O IBGE também divulgou a esperança de vida dos idosos com 60 anos. Uma pessoa que completasse 60 anos em 2009 tinha a expectativa de viver em média até os 81,27 anos. Em 1980, essa esperança era de 76,39 anos. O estudo é utilizado pelo Ministério da Previdência como um dos parâmetros para determinar o fator previdenciário no cálculo das aposentadorias.
Em 1980, os homens tinham duas vezes mais chances de falecer aos 22 anos de idade do que as mulheres. Vinte e nove anos depois, a sobremortalidade masculina mais que duplicou. Em 2009, houve uma morte de mulher para 4,5 mortes masculinas, no universo de jovens com menos que 23 anos.
Violência é a principal causa de morte entre jovens no paísCausas violentas foram os principais motivadores de mortes no Brasil entre pessoas de 15 a 29 anos em 2009. Entre os jovens de 15 a 19 anos este tipo de óbito respondeu por 60,29% do total, percentual que salta para 61,29% entre jovens de 20 a 24 anos e fica em 52,71% entre os de 25 a 29 anos. Os dados constam da Tábua de Mortalidade 2009, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A partir dos 30 anos a tendência se inverte e as causas naturais passam a ser a principal razão de 60,18% dos óbitos ocorridos entre os brasileiros de 30 a 34 anos. Para aqueles com idade entre 35 e 39 anos, as mortes violentas respondem por apenas 29,38% do total de óbitos.
Para o gerente de população e indicadores sociais do IBGE, Juarez Oliveira, um homem de 22 anos tem 4,5 vezes mais chance de morrer que uma mulher da mesma idade. A razão é o alto índice de mortes violentas entre os homens, quando comparado com as mulheres. Entre 15 e 19 anos, os homens respondem por 87,35% do total de mortes violentas no país, percentual que vai a 90,21% entre 20 e 24 anos, 89,36% entre 25 e 29 anos, 89,08% entre 30 e 34 anos e 87,86% entre 35 e 39 anos.
- Esperamos que isso se reverta porque, se continuar como o projetado, pode chegar a níveis insustentáveis - disse Oliveira, lembrando o excedente atual de 4 milhões de mulheres na população brasileira e a projeção de 14 milhões a mais de mulheres em 2050.
- Computamos apenas os que faleceram, sem entrar em outros aspectos que geram custo para a sociedade, sobretudo para quem vai precisar de cuidados médicos para sempre e que vai, de alguma forma, deixar de exercer atividade produtiva - acrescentou.
Em relação à mortalidade infantil, Oliveira fez questão de destacar a redução da fatia de mortes entre o primeiro e o décimo segundo mês de vida entre os óbitos ocorridos entre o nascimento e o primeiro aniversário. Em 1980, 40,7% dos óbitos de nascidos vivos antes do primeiro ano ocorriam no primeiro mês. No ano passado, esse percentual foi de 67,3% do total de óbitos no primeiro ano.
Oliveira explicou que as mortes ocorridas no primeiro mês de vida, chamadas de neonatais, decorrem geralmente de problemas congênitos ou doenças graves, mais difíceis de serem tratados pelas terapias médicas conhecidas. A redução da participação de mortes entre o primeiro e o décimo segundo mês mostram avanço no combate a problemas como diarréia e desnutrição.