Eles se recusam a fazer o papel de vítimas do tempo. Aproveitam tudo o que a ciência e a medicina fazem para esticar e melhorar o processo do envelhecimento.
"Eu estou com 86 anos e não me considero velha", diz dona Maria Gualda, para quem a pessoa fica velha com a idade que quiser.
Eles descobriram que não se deve sofrer com o que a idade tira, mas aproveitar tudo o que está por vir.
"Eu sou mergulhadora desse milênio, não sou do milênio passado. Não sou aqueles dinossauros do milênio passado", afirma dona Iara Ferreira Etto, de 74 anos.
"Tem pessoas que ficam remoendo: 'Puxa, eu podia ter feito isso, feito aquilo'. O passado e os erros devem servir de experiência para procurarmos andar mais certinho. Faça agora e aproveite agora, porque estamos vivendo este momento", aconselha Austin Roberts, de 68 anos.
E é nessa experiência que o idoso deve acreditar para fazer suas escolhas.
"À medida que as pessoas envelhecem, se tornam cada vez mais competentes para selecionar as coisas que são importantes para elas – as relações afetivas que são importantes, que lhe dão alegria, que lhe dão conforto, que lhe fazem bem – e deixar o resto de lado", diz a professora Anita Néri, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Eles estão fazendo a parte deles. Mas será que nós, que também vamos envelhecer, estamos fazendo a nossa? Será que um dia todos irão achar natural cuidar e investir no idoso como se acha normal cuidar de uma criança?
"Isso tudo não é só uma responsabilidade individual. Dizer isso para as pessoas é até indigno. O sistema social também precisa proporcionar condições de educação, assistência à saúde, à habitação", acrescenta Ana Néri.
Muita coisa tem que ser feita para esses brasileiros que já fizeram muito e ainda não se cansaram. Eles estão por aí, distribuindo exemplos para quem quiser aprender e sabedoria para aqueles que querem chegar lá.
"Eu me sinto como no início da minha vida. Ainda faço projetos, ainda sonho com o que vou ser e o que vou realizar", conta Aurelina de Oliveira Campos, de 77 anos.
"Ou você morre, ou você envelhece. Acho preferível envelhecer", conclui dona Iara.