Categoria: Video "Avôs e avós fazem bem à saúde"
Em tempos corridos, de famílias menores, avô e avó já não são como antes. Trabalham, namoram, sustentam a casa. Em algumas culturas, ainda são símbolo de sabedoria. Em outras, são só a herança do que passou. Sorte de quem tem e valoriza os avós por perto.
Avô e avó têm gosto de quê?
“Lembra carinho”, diz um carioca.
“Comida gostosa”, afirma uma menina.
Olhar confidente, mão firme que é para não escorregar. Autoridade mansa.
“Meu avô nunca falou alto com ninguém. É um cara com uma educação que não existe mais”, comenta um jovem.
Eles também mudaram. Quem se lembra dos avós de antigamente?
“Eram jovens que pareciam velhos. Quando minha avó morreu, aos 72 anos, pensei que ela tivesse 100”, lembra um senhor.
Segundo o IBGE, a estimativa é que 20% dos idosos aposentados no Brasil ainda trabalham.
“Eu não me enquadro nesse estilo de avó, na cadeira de balanço, fazendo crochê, dando chá. Eu levo à praia, pego onda”, garante a professora Sônia dos Santos Gaspar.
Eles estão mais jovens, com mais planos.
“Mas o afeto continua ali. A sociedade muda, a informação muda, mas os valores, aquilo que une avós, netos e filhos continuam os mesmos”, afirma a psicóloga Glória Belém.
Até o que a nossa trisavô já sabia ganhou status de verdade cientifica: avôs e avós fazem bem à saúde. Pesquisadores da universidade de Oxford, na Inglaterra, acompanharam mais de 1,5 mil adolescentes e crianças. Sabe o que descobriram? Crianças crescem mais felizes quando avôs e avós assumem parte da educação.
“Nossa classe média tem uma vida muito isolada: vive em apartamentos, mal conhece os vizinhos. Uma criança que tem avô e avó que possa estar junto, presente, cuidar dela, tem um privilégio enorme”, aponta o pediatra Daniel Becker.
Segundo a pesquisa, avós por perto ajudam as crianças a superar dificuldades como divórcio dos pais, implicância de colegas na escola e até a planejar o futuro e escolher uma carreira.
“Pai e mãe têm uma preocupação muito focada na educação. Avô e avó trazem uma dimensão na educação que é da fantasia, da história, da arte, do passeio, do mundo, da cultura”, compara o pediatra Daniel Becker.
Atenção vôs e vós ocupadíssimos: só a proximidade não basta. Tem que participar. E participar significa substituir os pais em algumas tarefas diárias. Aí começam as dúvidas: até que ponto interferir?
Vera ou vovó-delírio sempre quis ser atuante. Ela dá banho, comida, leva a neta para a escola e ainda ajuda no dever. Reconhece: às vezes passa dos limites e entra no papel da mãe. “Como se eu fosse fazer melhor. Paro para pensar e vejo que não é não por aí. Não é minha filha, é minha neta”, diz.
Os especialistas vão logo avisando quem manda na casa. “Quem realmente representa o papel principal são os pais”, afirma a psicóloga.
Haja sensibilidade para participar na dose certa, sem estragar tudo.
“Avó não estraga. Avó educa. Só estraga quando já estragada”, brinca uma senhora.
“Avó é mais severa, manda limpar a boa, reclama de roupa. Avô está pouco ligando. Deixa a boca ficar suja, tomar sorvete. É por isso que eles adoram a gente. É sempre assim. Alguém educa e alguém deseduca”, informa um avô.
Calma. Os psicólogos também garantem: o chocolatinho fora de hora não deseduca. “Claro que não. O chocolate fora de hora pode ser algo que o neto mais para frente, nos seus 25 anos, vai lembrar com muito carinho”, afirma a psicóloga Glória Belém.
“Passem mais tempo com seus netos. Dêem mais carinho e amor”, aconselha um jovem.
A recompensa que vale “é o beijinho que ganha quando chega” , comenta uma avó.