Você provavelmente está vendo seus pais e avós envelhecerem ativos e independentes. O envelhecimento da população brasileira – e mundial – vem se acentuando. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2000, o grupo de pessoas entre 0 e 14 anos representava 30% da população brasileira, enquanto os maiores de 65 anos eram apenas 5%; em 2050, os dois grupos se igualarão em 18%.
1 Conserte os problemas na casa deles
“É importante escutar o idoso. E não devemos tratá-lo como uma criança”, diz Marianela Flores de Hekman, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, destacando a importância de estarmos atentos às suas necessidades. Se, por exemplo, você perceber que seus pais ou avós não dizem que algo escangalhou em casa para não incomodá-lo, reforce o fato de que não quer mandar na vida ou na casa deles, sugere Marianela. Faça uma vistoria de manutenção e troque algumas lâmpadas, se necessário. Verifique se as maçanetas das portas são fáceis de abrir, e se as torneiras e descargas funcionam direito. Lubrifique dobradiças de janelas e portas, se estiverem emperradas. O gás deve ter sistema de segurança e é importante haver na casa algum tipo de alarme contra fumaça.
2 Facilite-lhes o caminho
Subir escadas pode ser uma tarefa árdua quando existe uma doença que compromete as articulações ou quando o próprio caminhar já é difícil. É recomendável manter escadas, banheiros e qualquer área de circulação bem iluminados. Procure uniformizar os pisos; ponha adesivos antiderrapantes no chão do banheiro e nas escadas; retire tapetes que possam provocar tropeções; e proteja as quinas de móveis. Para prevenir acidentes no banheiro, instale apoios no boxe para evitar que escorreguem. Você também pode pôr um corrimão junto ao vaso sanitário e, se possível, elevá-lo alguns centímetros com um assento especial, que ajuda na hora de se sentar e ficar de pé.
3 organize as consultas médicas e os remédios
“Tenho pacientes que tomam uma dose da medicação e depois se esquecem de continuar o tratamento”, revela o Dr. Carlos Montes Paixão Júnior, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. “Acontecem falhas de memória e ainda há o risco de o idoso dobrar a dose prescrita.” Para evitar que isso aconteça, pergunte a ele se quer que o acompanhe ao médico. O Dr. Carlos acrescenta que a família deve se preocupar com a saúde das pessoas mais velhas, visitando-as regularmente. Certifique-se também de saber onde guardam documentos médicos (receitas, cartão da previdência social, exames) ou guarde com você uma cópia desses documentos.Os riscos aumentam quando os idosos moram sozinhos ou estão doentes. “Se os fihos são presentes e ativos, perceberão quando os pais estão perdendo a autonomia”, diz o Dr. Carlos. O geriatra lista alguns sinais importantes: geladeira ou despensa quase vazia, pois o idoso não consegue mais fazer compras sozinho; dificuldade de andar na rua, enxergar ou acompanhar uma conversa; casa desarrumada; dentes malcuidados; emagrecimento inexplicado. Se não há quem cuide de seus pais ou avós, uma alternativa são os asilos ou lares para idosos. O Dr. Carlos diz que algumas famílias se satisfazem com o mínimo de informações ou apenas uma indicação de amigos ou de conhecidos. “Averiguar a competência técnica dos profissionais que trabalham no asilo, a aparência dos moradores, visitar e entrevistar os administradores, levantar mais informações sobre o local junto aos órgãos de classe são medidas que devem ser tomadas antes da escolha”, adverte ele. Ainda segundo o geriatra, pais e avós devem fazer um exame clínico uma vez ao ano, mesmo afirmando que se sentem bem. Esses exames podem ajudar no diagnóstico precoce de demência ou depressão e de problemas freqüentes nesta faixa etária, como câncer de pele, glaucoma, catarata, hipertensão arterial, dificuldades motoras, perda auditiva, etc.4 Acompanhe-os às comprasIsso reforça o carinho e a atenção com o idoso, e também serve para você perceber se estão comprando os alimentos certos para sua nutrição. “Meu neto de 18 anos se preocupa comigo e é muito prestativo. Somos vizinhos e, quando estou doente, ele vem aqui me trazer comidinhas”, conta Isaura Martins de Barros, 64 anos.
5 Compartilhe com eles algum passatempo
Um meio de fazer pais e avós felizes é participar do passatempo da escolha deles. Isso os ajuda a manter a mente ativa e melhora o humor. Comentar notícias de jornal, assistir juntos aos programas de TV preferidos, levá-los ao cinema ou ao teatro, escutar as histórias da infância deles, e sair para passear. “O fundamental é perguntar antes o que eles querem fazer”, frisa a psicóloga e geriatra gaúcha Odair Perugini de Castro, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e autora de Velhice, que idade é esta?, que trabalha, incansavelmente, aos 86 anos.
6 Ajude-os com os afazeres
“Tenho osteoporose e sinto muitas dores”, explica Dalva Souza, de 66 anos, “mas conto com minhas filhas, que vêm sempre me visitar e me ajudam nas tarefas domésticas em casa, quando fico doente.” Da mesma forma, é importante estimular os idosos a fazer atividades que ainda possam realizar, como arrumar a própria cama e ajudar no preparo dos alimentos.
7 Ligue para eles pelo menos uma vez por semana
O isolamento e a solidão provocam depressão em qualquer pessoa, principalmente nos idosos. “Nem sempre eles se isolam porque querem, muitas vezes o ambiente os isola”, afirma a Dra. Odair. Reunir-se com eles semanalmente demonstra sua consideração. Outra boa idéia é comprar para eles um telefone celular ou mesmo ensiná-los a navegar na Internet a fim de facilitar o contato e incluí-los na realidade atual.
8 Seja o motorista deles uma vez por mês
Idosos necessitam fazer atividades sociais, trâmites legais ou pagamentos, mas não é fácil se deslocarem. Sobre isso, o advogado Valmir Martins de Barros diz: “Depois que minha mãe ficou viúva, passei a levá-la de carro às compras e a algumas consultas médicas.” É importante ajudá-los a fazer os pagamentos mensais, lembrando-lhes as datas, por exemplo. Quando você for fazer suas compras, pergunte-lhes se precisam de algo. Ou apenas reserve um tempo para conviver com eles. É dever dos filhos zelar pela integridade de pais idosos.
9 faça uma surpresa de vez em quando
Você se lembra quando seus avós lhe davam presentes? Pois eles se sentem da mesma forma toda vez que você lhes dá uma lembrança ou escreve um cartão dizendo o quanto são amados. O importante é presenteá-los com algo que demonstre que você pensou neles, como um jogo simples de habilidade manual para distraí-los, por exemplo. “A presença de entes queridos é, seguramente, o melhor presente para alguém que, afinal, ajudou a formar aquela família. E, depois de uma vida inteira de sacrifícios, eles precisam apenas do carinho de um neto ou de um filho para ter garantida a felicidade da semana que, na maioria das vezes, é muito solitária por causa da ausência de atividades que preencham sua vida”, afirma o Dr. Carlos.
Você se lembra quando seus avós lhe davam presentes? Pois eles se sentem da mesma forma toda vez que você lhes dá uma lembrança ou escreve um cartão dizendo o quanto são amados. O importante é presenteá-los com algo que demonstre que você pensou neles, como um jogo simples de habilidade manual para distraí-los, por exemplo. “A presença de entes queridos é, seguramente, o melhor presente para alguém que, afinal, ajudou a formar aquela família. E, depois de uma vida inteira de sacrifícios, eles precisam apenas do carinho de um neto ou de um filho para ter garantida a felicidade da semana que, na maioria das vezes, é muito solitária por causa da ausência de atividades que preencham sua vida”, afirma o Dr. Carlos.
10 Motive-os a se exercitar
É importante estimular os idosos a fazer exercício físico e fortalecer o corpo, sempre de acordo com suas possibilidades e interesses. “O exercício mantém e melhora a capacidade física e mental do idoso. E ainda estimula o convívio social. Os mais velhos, que às vezes são deixados de lado, passam a fazer parte de um grupo social. Isso diminui o isolamento”, afirma Clineu Almada Filho, geriatra da Universidade Federal de São Paulo e diretor do Núcleo de Pós-Graduação em Geriatra.
Por Claudia Rodrigues e Tatiana Rocha - Revista Selecoes www.selecoes.com.br (ed. 06/2008)