Brasil mais velho é bom para economia, diz pesquisador do IBGE


Novos dados divulgados nesta sexta-feira apontam que o Brasil tem hoje 68,5% de sua população em idade economicamente ativa (entre 15 e 64 anos), o que coloca o País em um momento demográfico extremamente favorável, segundo pesquisador do IBGE. De acordo com Gabriel Borges, da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, como a proporção de idosos ainda é pequena, embora crescente, e como a população de crianças tem se reduzido, há hoje relativamente poucos brasileiros em idade de dependência. Isso, acrescenta Borges à BBC Brasil, deixa o País em um momento potencialmente propício ao desenvolvimento.
Mas o pesquisador do IBGE observa que o Brasil só se beneficiará dessa "janela de oportunidade" se conseguir absorver a mão-de-obra de maneira qualitativa, com empregos no mercado formal e geração de renda.
Pirâmide etária
Os dados desta sexta revelam que o progressivo declínio nos níveis de fecundidade da mulher brasileira e a redução das taxas de mortalidade estão estreitando a base da pirâmide etária do País e fazendo com que seu ápice se torne cada vez mais largo. As informações, presentes na Sinopse do Censo 2010, indicam queda na proporção de todos os grupos etários com até 25 anos no total da população e aumento de todos os outros na última década.
O grupo de crianças de 0 a 4 anos do sexo masculino, por exemplo, representava 4,9% em 2000 e caiu para 3,7% em 2010. Simultaneamente, a participação relativa da população com 65 anos ou mais, que era de 5,9% em 2000, chegou a 7,4% no ano passado. Segundo Gabriel Borges, a evolução da estrutura etária sugere que a população do Brasil continuará envelhecendo e que, por isso, o País deverá dar maior atenção a políticas para idosos e ter cuidado especial com os setores de previdência e saúde.
Assimetrias
O Censo revela ainda que, apesar da tendência geral de envelhecimento da população brasileira, há assimetrias consideráveis entre as regiões do País, causadas pelo momento em que a transição demográfica se iniciou em cada região e pela velocidade com que ela ocorre. As regiões Norte e Nordeste, a despeito do envelhecimento registrado nos últimos 20 anos, ainda apresentam uma estrutura jovem.
Isso se explica pelos altos níveis de fecundidade nas últimas décadas: em 1980, cada mulher da região Norte tinha, em média, 6 filhos. Em 2010, crianças com até 5 anos eram 9,8% do total, ante 6,4% no Sul. Já o Sudeste e o Sul despontam como as duas regiões mais envelhecidas do País. Em 2010, idosos com 65 anos ou mais eram 8,1% da população, ante 4,6% no Norte. O Centro-Oeste apresenta uma estrutura etária entre os dois grupos e semelhante à média da população brasileira.