Idosa fará 103 anos e diz que votar é um dos seus orgulhos




Paula Bianchi

Quando ela nasceu não havia rádio, televisão e sequer se sonhava com internet. Carros ainda eram uma realidade distante e as pessoas se locomoviam de trem, carroça e cavalo. Prestes a completar 103 anos na segunda-feira, dia 2 de maio, dona Hilman Valintim de Souza diz que envelhecer é triste, mas sorri ao lembrar de alguns detalhes de sua longa vida.

— Só posso contar um pedaço, que se fosse pra falar tudo vocês não saíam mais daqui — desculpa-se ela, enquanto retoma a linha e a agulha com que passa o dia fazendo crochê.

Nesses 103 anos vários fatos marcaram a vida de Hilman – a gripe espanhola, a 2ª Guerra Mundial e, como boa mãe, o nascimento e a formatura dos filhos — mas foi a morte de Getúlio que fez a dona de casa chorar.

Hilman atribui a ele um dos maiores orgulhos da sua vida: votar.

— Votei pela primeira vez em 1936. Antes disso, as mulheres não valiam nada.

Mineira, ela se mudou com o marido Pedro Silveira de Souza e o filho para o Espírito Santo na década de 1940, atrás de emprego. Lá costurou, lavou roupa e ajudou a família, que cresceu com o nascimento de mais duas crianças. Apesar da idade avançada, Hilman é extremamente lúcida e senhora de si. Sofre com a perda da audição, mas faz questão de realizar sozinha as pequenas tarefas do dia a dia.

Católica fervorosa, ela reza o terço diariamente e atribui à fé o segredo de sua longevidade.

— O padre já me perguntou no meu aniversário de 100 anos qual o mistério da minha vida. É comer pouco, dormir pouco e rezar muito.