egraus, quinas, pisos escorregadios e carpete são alguns dos vilões domésticos para as pessoas idosas
Por Helena Dias
A constatação deste número é surpreendente: 75% das lesões sofridas por pessoas com mais de 60 anos são causadas por acidentes domésticos, segundo o Sistema Único de Saúde (SUS). E a maior parte desses acidentes são quedas, das quais 34% causam fraturas. Mas esse número poderia ser bem menor com algumas pequenas e simples adaptações. “A arquitetura tem que unir conforto, beleza e independência para os idosos”, afirma a arquiteta Dorys Daher, que dá dicas simples para tornar a casa mais segura para os idosos:
- Os degraus devem ser evitados. Eles tornam impossível a circulação de cadeiras de rodas, dificultam a passagem de pessoas com limitações de movimento e são a maior causa de tropeços. Se possível, a melhor opção é fazer uma pequena reforma para retirar os degraus e colocar rampas no desnível. Mas, caso a reforma não seja possível, Dorys sugere a construção de uma rampa móvel de madeira revestida com carpete ou de chapa de alumínio corrugado (antiderrapante). Essa rampa pode ser feita em marcenarias ou ferreiros e custa bem menos que uma reforma.
- O carpete deve ser retirado para evitar o acúmulo de ácaros e pó, causadores de doenças pulmonares. Tábuas corridas são práticas – a instalação é feita em um dia. Outras opções são os pisos frios - cerâmica ou porcelanato - ou mantas plásticas, também com fácil aplicação e fáceis de limpar.
- No banheiro é imprescindível um piso antiderrapante para evitar escorregões. A outra sugestão é inusitada: carpete. “Parece estranho, mas um carpete removível evita tombos e dá conforto para quem pisa”, diz Dorys. A arquiteta recomenda carpetes recortados para encaixar na louça e que possam ser retirados para lavar. Assim, o banheiro não fica com o chão frio, que incomoda quem pisa descalço.
- Barras de apoio são essenciais perto do vaso sanitário, no boxe e ao lado da pia. A altura deve ser regulada de acordo com a pessoa que vai usar. Na área de banho, é melhor evitar boxes de materiais que possam quebrar e cortar em caso de queda. Uma cortina de tecido semipermeável bem fixada é uma alternativa barata e fácil de limpar. Um pouco mais caro, o boxe blindado é outra opção segura. Outro vilão é o degrauzinho ou a pedra que impede a saída da água. Eles podem ser substituídos por uma grelha.
- Iluminação também é um ponto importante a ser pensado. A casa nunca deve ficar escura, mas a claridade não pode atrapalhar o sono. Uma luminária ou um dimmer no quarto mantém a luz bem fraca, somente para evitar acidentes. Outra opção é colocar lâmpada fria no cômodo ao lado - ela pode ficar ligada a noite toda sem gastar muita energia. No banheiro, o ideal é um sensor de presença com acendimento automático.
- As quinas precisam ser escondidas. As dos móveis podem ser tapadas com bolinhas de borracha feitas especialmente para isso. Também é legal proteger as quinas das paredes, para que não sejam danificadas por cadeiras de rodas. Os caminhos e áreas de passagem precisam ficar sem obstáculos. Dorys lembra também que maçanetas de alavancas são mais fáceis de abrir.
- Na cozinha é preciso ter cuidado dobrado: não deixe objetos pontiagudos expostos, coloque um tapete ao lado da pia para o chão não ficar escorregadio e cozinhe com os cabos das panelas virados para dentro. Coocktops elétricos são mais seguros que fogões a gás. Os armários ocupam menos espaço com portas de correr e não criam obstáculos quando elas estão abertas.
Com essas adaptações simples e, muitas vezes, econômicas, é possível diminuir a porcentagem de acidentes domésticos com idosos. Mas quem ainda vai construir o imóvel, é bom não esquecer de que todo mundo envelhece um dia, por isso o melhor é projetar a casa para essa fase da vida. Até os hotéis já estão se preparando e fazendo adaptações, como este projeto da arquiteta Luana Radesco.