Baixa ingestão de vitamina C aumenta risco de desenvolver catarata, mostra estudo indiano


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RIO - Um novo estudo realizado na Índia reforça a tese de que adultos que têm pouca quantidade de vitamina C em suas dietas podem apresentar maior risco de desenvolver catarata. A pesquisa realizada em um país com renda mais baixa é importante porque, em locais mais pobres, os níveis de ingestão do nutriente tendem a ser menores. Os cientistas analisaram a relação entre a dieta de 5600 indianos com mais de 60 anos e suas propensões a sofrer da doença.
Cerca de 73% dos participantes foram detectados com maiores chances de ter catarata. Mas esse risco diminuiu quando a ingestão de vitamina C e seus níveis no sangue aumentaram. Estudos anteriores já mostravam essa ligação, mas eles foram feitos em países desenvolvidos. Nações como a Índia tendem a apresentar pequena quantidade de vitamina C na dieta e taxas de catarata particularmente altas.
Em cerca de um quarto dos adultos mais idosos com maior ingestão de vitamina C, o risco de catarata era 39% menor que em pessoas com os menores níveis do nutriente. Foram considerados fatores como renda, fumo, pressão arterial e diabetes.
Mas os níveis de vitamina C eram geralmente muito baixos. Mais da metade dos participantes do estudo eram deficientes do nutriente, e 30% do grupo tinha concentração abaixo do valor necessário para ser detectado.
Qualquer coisa abaixo de 11 micromols por litro é considerado deficiência de vitamina C. Mesmo no grupo com os maiores índices, a concentração média era de apenas 38 micromols por litro. Em comparação, nos estudos sobre catarata realizados nos Estados Unidos, os grupos com maior quantidade da vitamina na dieta apresentava 70 micromols ou mais.
A descoberta, relatadas na revista "Ophthalmology", não prova que a ingestão adequada do nutriente protege contra catarata. Mas é biologicamente plausível considerar esta relação, disse a pesquisadora Astrid E. Fletcher, professora da London School of Hygiene & Tropical Medicine, no Reino Unido. A vitamina C é um antioxidante, o que significa que ajuda a proteger as células do corpo de danos causados pelo chamado estresse oxidativo.
- Estudos mostram que ela desempenha um papel muito importante na defesa da lente do olho contra o estresse oxidativo - explicou Astrid. - O olho é particularmente vulnerável a ele. A luz é essencial para a visão, mas também é prejudicial. As lentes absorvem radiação ultravioleta, importante fonte de estresse oxidativo.
O resultado também não implica que as pessoas devem automaticamente aumentar a ingestão de vitamina C para se prevenir. Mais estudos precisam ser feitos para comprovar a relação direta, e eles devem levar em conta as características biológicas e sociais dos grupos que deles participarem.