Indígena de 110 anos é resgatada de incêndio e se recupera em MS

Índia derrubou pedaços de lenha no fogo, enquanto cozinhava em casa.
Mulher e o filho tem linhagem pura e são os últimos a falar o dialeto original.


Tatiane Queiroz Do G1 MS

Júlia Caetano tem 110 anos e está internada em Hospital em Corumbá (Foto: Reprodução/ TV Morena) 
Júlia Caetano está internada em Corumbá
(Foto: Reprodução/TV Morena)

Depois de ser salvar de um princípio de incêndio, a indígena da etnia Guató, Júlia Caetano, de 110 anos, permanece internada na Santa Casa de Corumbá, distante 344 quilômetros de Campo Grande. 

Segundo informações do hospital, ela passa bem e terá alta nesta quinta-feira (28).

A indígena foi resgata por profissionais de uma rede que trabalha para a proteção do Pantanal. Ela foi levada para Corumbá por um barqueiro e depois foi encaminhada ao hospital pelo Instituto do Homem Pantaneiro (IHP) e Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).
 
(A versão anterior desta reportagem diz que o encaminhamento havia sido feito pela Funasa. Essa informação foi corrigida às 17h51).

O acidente aconteceu na manhã de segunda-feira (25) depois que o filho da indígena, Vicente Caetano, de 66 anos, saiu para pescar. A mãe teria derrubado pedaços de lenha no fogo enquanto cozinhava. Ele conta que quando chegou em casa ela estava desmaiada em meio à fumaça.

Segundo informações do instituto, Júlia e Vicente tem uma linhagem pura da etnia guató e são os únicos que ainda falam o dialeto original, que já está praticamente extinto.
 
Recuperação
 

A indígena é cega, tem dificuldades na audição e anda devagar, mas apesar da idade avançada os médicos afirmam que ela é forte e muito saudável e que a recuperação foi rápida. Segundo informações do hospital ela chegou com sintomas de intoxicação, desidratação e algumas queimaduras pelo corpo.


Ìndia guató de 110 anos é resgatada de incêndio e levada para Corumbá (Foto: Divulgação/IHP) 
Julia e o filho, Vicente, de 66 anos
(Foto: Divulgação/IHP)

Depois de receber alta, Júlia e o filho devem retornar para casa, que fica localizada na região do rio São Lourenço, parte mais alta da planície pantaneira, em Corumbá. A viagem de barco deve durar cerca de cinco horas.

A família de guatós mora em uma casa simples, em área isolada do Pantanal. Vicente conta que a mãe e ele preferiram morar separados do resto da tribo de indígenas da mesma etnia.
 
Índios guató
 

Os índios guató são também conhecidos como índios canoeiros. Em Corumbá, a aldeia Uberaba abriga cerca de 150 indígenas da etnia, na Ilha Ínsua, localizada na divisa com Mato Grosso e fronteira com a Bolívia. Pesquisas apontam que área foi conquistada na década de 90.

No local, os indígenas plantam mandioca, milho e cereais de outras espécies. Eles também praticam atividades de caça e pesca.

Eles mantém ainda a tradição na construção de canoas com troncos de árvores de madeiras leves, escavadas a fogo e aparadas com instrumentos rudimentares.