O Hospital Israelita Albert Einstein começa hoje um programa inédito em oncogeriatria. A proposta é que todo idoso com câncer atendido na instituição seja avaliado por profissionais antes e depois da consulta oncológica.
Na pré-consulta, por exemplo, a equipe de enfermagem aplicará questionários para identificar problemas comuns entre as pessoas da terceira idade, como depressão, déficit cognitivo e consumo de múltiplos medicamentos.
Danilo Verpa/Folha Imagem |
Médico Auro Del Giglio faz atendimento a um idoso no departamento de oncogeriatria, que começa o funcionamento oficialmente hoje |
Ao atender o paciente, o médico já terá em mãos sua "ficha completa" e, além do tratamento do câncer, poderá fazer intervenções sobre outras questões que causam prejuízo à saúde do idoso.
"Já atendi um doente terminal de câncer que estava tomando remédio para baixar o colesterol, totalmente desnecessário", exemplifica Auro Del Giglio, coordenador de oncologia do Einstein.
Outro foco do trabalho é identificar doentes que precisam de uma supervisão mais acurada do cuidador.
"Se o paciente já apresenta algum déficit cognitivo, às vezes imperceptível para a pessoa que está ao lado, é arriscado ele ficar responsável por sua medicação. Se toma uma dose errada de um quimioterápico, pode ser fatal", afirma o médico.
Acompanhamento
Na terceira etapa do atendimento, haverá uma pós-consulta. A equipe responsável pela pré-consulta avaliará a atitude do médico em relação aos problemas "extracâncer".
"Poderá ser questionado, por exemplo, porque o médico não tomou nenhuma atitude sobre a depressão do idoso", diz Del Giglio.
Essa equipe de retaguarda do atendimento será composta por profissionais da área da enfermagem, geriatria, farmácia e psicologia. Atualmente, mais de 50% dos pacientes oncológicos do Einstein têm entre 60 e 70 anos de idade, segundo levantamento recente feito pelo hospital.
Del Giglio entende que aprimorar o atendimento prestado aos idosos é uma atitude que toda instituição deveria adotar. "Quando se fala em humanização, não é colocar um aquário na sala de espera. Se a gente consegue atender bem o idoso, melhora para todo mundo", afirma o médico.