Genérico, de Marca ou Similar?Karina Pedroti Sayeg - FarmacêuticaNas últimas décadas a indústria farmacêutica obteve um crescimento substancial, graças à descoberta de vários medicamentos para as mais diversas doenças. Com o envelhecimento da população e o aparecimento das doenças do mundo moderno como, por exemplo, diabetes, obesidade, hipertensão, onde geralmente essas patologias são crônicas, um maior número de pessoas acaba por ficar dependente de medicamentos. A fim de garantir o acesso ao medicamento a uma porção cada vez maior da população, o advento dos medicamentos genéricos, no Brasil, foi de grande valia, já que muitas vezes os postos e hospitais não garantem abastecimento integral para toda a população, e uma grande parcela da mesma acaba ficando carente de tratamento. O medicamento genérico é aquele que contém o mesmo princípio ativo, na mesma dose e forma farmacêutica, com a mesma indicação terapêutica do medicamento de referência, administrado pela mesma via. A ANVISA avalia os testes de bioequivalência entre o genérico e o de referência, para que a qualidade seja comprovada, podendo desta maneira ser intercambiável. O medicamento de referência (de marca) é o denominado inovador, onde a eficácia, qualidade, segurança terapêutica, foi comprovada cientificamente, através de anos de pesquisa, são geralmente medicamentos que estão no mercado há bastante tempo e são de marca (indústria) conhecida. Os medicamentos similares possuem o mesmo princípio ativo, a mesma dosagem (concentração), via de administração, posologia, forma farmacêutica, posologia e indicação terapêutica do medicamento de marca (referência), mas todavia não possui a bioequivalência comprovada através de testes como é executado com os medicamentos genéricos. Para que haja uma distinção entres os três tipos de medicamentos existentes, optou-se pela diferenciação visual, ou seja, na embalagem. O medicamento genérico possui em sua embalagem logo abaixo do nome genérico uma tarja amarela com uma letra G maiúscula e a frase “medicamento genérico – lei 9787/99”.
Todavia, apenas essa diferença impressa na embalagem não esclareceu a dúvida da maior parte da população. Muitas pessoas, ainda acham que medicamentos genéricos, de referência e similares possuem princípios ativos diferentes. A falta de informação, ainda, faz com que pessoas sem nível de instrução mais diferenciado fiquem expostas a pessoas de má fé que acabam vendendo medicamentos similares como se fossem genéricos, mas somente os genéricos possuem intercambialidade com o de referência. Vale lembrar que muitos medicamentos similares possuem padrões de qualidade, ótimas técnicas de fabricação e preços mais acessíveis, todavia não podem ser vendidos como genéricos. A presença integral de um farmacêutico e campanhas informativas voltadas para a população leiga acabariam por ajudar a população nesse grande impasse na hora de cuidar de sua saúde. BibliografiaABDOU, H.M. Dissolution, bioavailability and bioequivalence. Easton: Mack Priting, 1989. 554p. 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