PROJETO AVALIA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA O IDOSO

Hospital Universitário Clementino Fraga Filho

A violência doméstica contra idosos infelizmente é uma realidade que atinge diversos países ao redor do mundo, inclusive o Brasil. No entanto, dados sobre a agressão sofrida por indivíduos da terceira idade costumavam ser escassos em nosso país.

Para estudar o problema, de forma a obter estatísticas e informações úteis na busca por soluções, o setor de Geriatria do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), da UFRJ, realizou um trabalho em parceria com o Programa de Investigação Epidemiológica de Violência Familiar (PIEVF) do Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ.

De acordo com Carlos Montes Paixão Júnior, coordenador do setor de Geriatria do HUCFF, trata-se de um projeto que abrange alguns estudos diferentes, iniciados em 2005. “O principal objetivo é identificar melhores maneiras de avaliar a violência e ter uma ideia da prevalência de violência doméstica em nosso meio”, explica ele.

Na pesquisa de Carlos, foram aplicadas entrevistas a diversos pares constituídos por cuidador e idoso. Os entrevistados eram pertencentes ao Programa de Saúde da Família da Lapa (PSF-Lapa) e pacientes dos serviços da UFRJ e UERJ.

Andamento e resultados

No estudo, foram utilizadas Escalas Táticas de Conflitos. “Para um dos trabalhos realizados no projeto, dez por cento de prevalência de violência total contra o idoso, com seis por cento de violência física”, informa Paixão. Quanto à metodologia, ele considera essas escalas ruins sob o aspecto de que avaliam somente violência física e psicológica.

— Já se concluiu que a prevalência de violência é maior que a relatada em trabalhos anteriores em países anglo-saxônicos. No momento estamos avaliando os dados da segunda abordagem do estudo — expõe o pesquisador. Segundo ele, a expectativa é de informações sobre negligência e violência financeira.

Como próximos passos do estudo, é preciso publicar o que foi obtido. “Ainda falta bastante. Em seguida, vamos tentar novos projetos para se ter uma melhor ideia destas questões com uma população mais representativa de toda a comunidade”, aponta Carlos.

Mudar para melhorar

Segundo Paixão, acidentes e violências são fatores consideráveis entre a causa da morte de idosos. “Há trabalhos que indicam que, após 5 anos, somente 9% dos idosos que sofrem algum tipo de violência doméstica estão vivos”, revela Carlos.

É preciso mudar a realidade de violência contra o idoso. “Quando se descobre algum caso, deve-se encaminhar para a delegacia ou ‘disque idoso’. Ainda não é suficiente, pois criminaliza demais a situação. Deveria haver uma agência de proteção a adultos, nos moldes norte-americanos. Ou seja, além da questão criminal, outras, como psicológica, apoios social e médico”, sugere o pesquisador.

Para melhorar a qualidade de vida do idoso, Carlos Paixão acredita que é necessário maior atenção social e governamental, além de uma reestruturação da previdência e da aposentadoria. “Enfim, modificar toda a estrutura social, com maiores investimentos em áreas de saúde que viabilizem a manutenção do idoso em seu domicílio, prevenindo incapacidades e fragilidade”, conclui.