O American College of Sports Medicine acaba de elaborar as novas recomendações de atividade física para idosos, que enfatizam os benefícios da prática de exercícios de força e de flexibilidade, além dos aeróbicos.
O novo documento dá um panorama completo das evidências científicas sobre os benefícios da atividade física para prevenir e tratar diversos males ligados ao envelhecimento.
A nova recomendação será lançada no Brasil em outubro. "Esse é um grupo de referência no assunto para o mundo inteiro, por isso quem lida com a saúde do idoso deveria seguir essas recomendações", diz a educadora física Andrea Deslandes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Segundo os autores, embora não seja possível evitar o envelhecimento, o exercício regular minimiza os efeitos da idade, aumenta a expectativa de vida e limita o desenvolvimento de certas doenças crônicas.
"Outro objetivo é reforçar o que necessita ser aplicado nos programas de treinamento físico do idoso", diz o educador físico Timóteo Leandro de Araújo, assessor técnico-científico do Programa Agita São Paulo.
"O documento mostra as evidências que temos em todos os aspectos, da respiração à cognição, que justificam incluir a atividade física como parte do envelhecimento saudável", diz a especialista em medicina esportiva Sandra Matsudo, diretora do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul.
"O grande "boom" é a questão cognitiva e a saúde mental. Hoje, sabe-se que todos os processos cognitivos são melhorados a longo prazo quando se pratica atividade física regular", diz.
Sabe-se, por exemplo, que a atividade física diminui o risco de demência senil e de Alzheimer.
Estudos mostram uma redução de 40% no risco de demência em quem gasta 400 calorias por semana caminhando. "Se o gasto for maior, o risco praticamente desaparece."
Pesquisas que analisam a relação entre o exercício e a função cognitiva destacam que a atividade física pode aumentar os níveis de fatores de crescimento no cérebro, estimular a neurogênese, aumentar a resistência do cérebro a danos, melhorar a aprendizagem e o desempenho mental.
Caminhar não basta
Mas, para os idosos, caminhar não é o suficiente, já que a maior parte da incapacidade física nessa idade deve-se à perda da força muscular. "Tudo depende da força, desde caminhar e levantar-se de uma cadeira até erguer uma garrafa de água de um litro", lembra Matsudo.
Segundo ela, o fato de cedermos o lugar para um idoso se sentar, por exemplo, tira uma das poucas oportunidades que ele tem de se exercitar e fortalecer a musculatura das pernas.
Já o impacto dos exercícios na longevidade está documentado em várias pesquisas. Uma análise sueca, do Instituto Karolinska, que acompanhou 3.206 pessoas durante 12 anos, mostrou que os fisicamente ativos tiveram um risco de mortalidade por todas as causas 28% menor do que os sedentários. A atividade física também tem impacto na capacidade funcional. Um estudo americano com mais de mil idosos mostrou que o risco de incapacidade para realizar tarefas diárias diminui em 7% a cada hora adicional de atividade física por semana.