Pesquisa mostra que 80% dos idosos sustentam suas casas

Pesquisa mostra que 80% dos idosos sustentam suas casas

Oito em cada 10 idosos do País sustentam os lares em que vivem. Pesquisa do Bradesco Vida e Previdência constatou que 80% das pessoas entre 55 e 73 anos de idade são os provedores de suas casas, enquanto o restante é sustentado por parentes. O levantamento Longevidade Brasil, que entrevistou 2 mil pessoas de todas as regiões do Brasil, também demonstrou que, na classe C, idosos aposentados ou pensionistas mantêm 82% das residências. Na classe A, o percentual fica em 80%. Na B, é 76%.

José Carlos Libânio, cientista social responsável pelo estudo, explica a importância dos benefícios do INSS nas classes mais baixas. "Poder contar com uma renda certa e segura faz toda a diferença. A partir da aposentadoria, a renda se torna constante, o que antes podia não acontecer", avalia.

A Previdência Social mudou a estrutura dos lares, que viam os idosos como um peso. Hoje, são arrimo de família. Muitas vezes, o aposentado não é o mantenedor da casa, mas ajuda na criação ou na educação de netos. João dos Santos Coimbra, 78 anos, é um deles. "Ajudo a pagar os estudos de meus dois netos. É a garantia da educação deles", diz o fiscal de rendas aposentado.

Coimbra retrata a nova terceira idade, que não se conforma em ficar em casa, sem fazer nada. Ele é estudante do 8º período de Direito da Estácio - Campus Madureira - e diz que está feliz com a opção.

"Fiquei muito deprimido com a minha aposentadoria. Queria procurar um meio para preencher o meu tempo. Não estudava desde 1978 e sempre gostei da área de Direito. Além disso, a universidade tem um programa de desconto especial para quem está na terceira idade e para servidor público. Quando terminar o curso, vou tentar o registro na Ordem dos Advogados do Brasil, porque pretendo advogar", planeja ele, que pensa em atuar na área de Direito Penal. "Eu recomendo às pessoas de idade que façam como eu, que não parem e estudem sempre. Estou muito feliz", conclui o universitário.

Sociedade precisa se preparar para o futuro
O auditor fiscal do Trabalho Juarez Correia Barros Júnior é o organizador do livro "Empreendedorismo, Trabalho e Qualidade de Vida na Terceira Idade", da Edicon. Ele diz que a experiência de reunir estudos sobre a nova geração de idosos mostra que a sociedade precisa se preparar para o futuro. "Uma das histórias emblemáticas do livro é a do ex-ministro e ex-presidente da Embraer e da Varig, Osíris Silva. Ele foi uma referência e mudou completamente de área. Hoje, é bem sucedido em empresa de biogenética", explica.

Barros Júnior diz que ainda há preconceitos, como no serviço público, quando o idoso é obrigado a se aposentar aos 70 anos ou quando o aposentado volta ao mercado, adoece ou sofre acidente, mas não pode receber benefício por incapacidade no INSS. "Quem quer trabalhar tem que ser respeitado e não pode ser discriminado. A legislação tem que acompanhar", defende.

Uma nova visão
Preparação
Em 2015, o Brasil será o sexto país com o maior número de idosos do mundo. A Geap, que administra o plano de saúde dos servidores da União, começou a desenvolver programa de preparação para a aposentadoria voltado a seus assistidos. Em sua carteira, 48% têm mais de 60 anos. No Rio, há mais de 50%.

Cursos
A diretora da Fundação Geap Regina Parizi, uma das organizadoras do livro
Empreendedorismo, Trabalho e Qualidade de Vida na Terceira Idade, explica que o Programa Maturidade Saudável segue os princípios da Organização Mundial de Saúde (OMS) de envelhecimento ativo. "A premissa básica é que a pessoa se sinta feliz, tenha autonomia e a independência", diz.

Vida Social
A instituição faz cursos de preparação para a aposentadoria que começam quatro anos antes. Manter a atividade - seja em empreendimento próprio, novo emprego ou voluntariado - enriquece a vida social. "Pode acontecer de você se aposentar e se aposenta da vida social. Aí vem sentimento de solidão e exclusão social", alerta Regina.

Renovação
A neurociência tem mostrado que o cérebro é como a musculatura e o esqueleto. Se não for usado e estimulado, entra em processo de desaceleração.

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