Pesquisa do IBGE mostra que 75,5% das pessoas com mais de 60 anos têm alguma doença crônica; SUS é marcado por falta de equipamentos
Fabiana Cimieri
A publicação Indicadores Sociodemográficos e de Saúde no Brasil 2009, divulgada ontem pelo IBGE, mostra que 75,5% das pessoas com mais de 60 anos têm doenças crônicas (como cardiovasculares, diabete e câncer), que demandam diagnóstico precoce e acompanhamento permanente.
Mas a maioria (70,6%) da população nessa faixa etária não tem plano de saúde e depende do Sistema Único de Saúde (SUS), que não oferece equipamentos de diagnóstico na quantidade determinada por lei.
Esses aparelhos (raio X, ressonância magnética, tomografia computadorizada e ultrassom) existem na rede privada em quantidades similares às existentes em países desenvolvidos. No SUS, com exceção da mamografia, todos os equipamentos de diagnóstico por imagem existem numa quantidade menor do que a estipulada.
"Encontramos uma escassez e uma fartura que não esperávamos. Significa uma dificuldade de acesso a esses exames pelo SUS, enquanto na rede privada eles podem estar sendo realizados desnecessariamente", diz o médico sanitarista Marco Antonio de Andreazzi. Os dados utilizados pelo estudo são da Pesquisa de Assistência Médico Sanitária de 2005.
Segundo ele, como não há restrições à importação, muitas unidades privadas os compram em excesso: "Há disparidades regionais: no Sul e Sudeste, a concentração é maior; no Norte e Nordeste, é menor. Mas esses equipamentos existem em todo o território. No Centro-Oeste, que está se capitalizando com a agroindústria, o número de equipamentos aumentou muito, mostrando que exige uma lógica de mercado, o que não significa mais qualidade no atendimento."
Na oferta a pacientes com planos de saúde, há abundância em todos os equipamentos. Em relação à tomografia computadorizada, enquanto a média dos países analisados é de 13,8 equipamentos por 1 milhão de habitantes, o Brasil tem taxa total de 4,9, segundo estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A oferta privada (30,8 por 1 milhão de habitantes em 2005), no entanto, é semelhante à dos Estados Unidos (32,2 por 1 milhão de habitantes).
DOENÇAS CRÔNICAS
Dos 75,5% dos idosos com doença crônica, só 29% têm plano de saúde. O porcentual dos que têm assistência médica privada aumenta segundo a renda. Entre os que têm renda familiar per capita acima de três salários mínimos, 42,8% possuem plano privado.
Segundo a autora do capítulo, Maria Izabel Parahyba, o idoso consome mais serviços de saúde, internações hospitalares são mais frequentes e o tempo de ocupação do leito é maior, quando comparado a outras faixas etárias. Entre os idosos, o custo da internação per capita no SUS tende a aumentar à medida que a idade aumenta, passando de R$ 93 por idoso, na faixa etária de 60 a 69 anos, para R$ 179 entre aqueles de 80 anos ou mais.