FORMAÇÕES
Qualquer coisa que se faça parece estar errado
Todos têm algo para oferecer, independentemente da idade. As crianças, ainda que não cooperem com sua força física, contribuem com a alegria em uma casa. E com o passar dos dias, os nossos pequenos irão fazer novas descobertas, adquirindo uma nova percepção a respeito do mundo. Após alguns anos, eles passarão pela puberdade, entrarão na vida adulta e, pouco a pouco, a presença deles se tornará mais participativa na sociedade.
No ciclo da vida, como todas as coisas, aquelas crianças, que um dia encantaram a família com sua destreza, também vão adentrar na terceira fase da vida e já não chamarão mais a atenção como antes. Por terem se tornado pessoas “velhas”, nem o conhecimento absorvido ao longo dos anos as tirará do “exílio” social.
Vivemos numa sociedade utilitarista, na qual aquele que não produz parece não ter direito de participação. E, assim, a importância da pessoa mais vivida, experiente, para a sociedade, começa a se inverter. Dessa forma, por conta de mais um aniversário, o censo transfere alguém, que antes pertencia ao quadro das estatísticas dos indivíduos economicamente ativos, para o quadro da população improdutiva.
A parcela mais insensata da sociedade acredita que a presença dos idosos em lugares públicos esteja “roubando” a vez de alguém que tem uma agenda repleta de compromissos; a lentidão dos seus passos, mesmo que eles [os idosos] tentem caminhar um pouco mais rápido, também lhes parece obstruir a passagem nas calçadas. Essas pessoas, ao depararem com a debilidade de nossos velhos, realizando uma atividade simples, como a de atravessar a rua, os condenam à morte social.
Por mais importante que seja o que eles têm a falar, poucos se detêm para ouvi-los. Pois, invariavelmente, em meio à conversa, a memória, já não tão eficaz, faz com que repitam o mesmo assunto várias vezes ou se percam em meio ao raciocínio… Tudo parece conspirar contra aqueles que já viveram mais da metade dos anos de seu ciclo de vida. O peso dos anos coopera para que seus olhos já não enxerguem tão bem, mesmo com a ajuda de óculos e as doenças já não são curadas com a mesma rapidez com que aparecem… Como se tudo isso não fosse o suficiente, qualquer coisa que façam parece estar errado diante do mundo.
Sabemos que, como consequência natural do tempo, o envelhecimento faz com que todas as pessoas sofram com a deterioração da saúde. Todavia, não precisamos retirar ou diminuir a dignidade daqueles que abriram e facilitaram o nosso acesso para um mundo melhor. Fazer uma sociedade mais justa para os mais idosos é um compromisso que exige de cada um de nós a coragem de derrubar os padrões estereotipados, os quais classificam o valor de uma pessoa de acordo com sua eficiência e vitalidade física.
(*) Dia 01 de outubro - Dia internacional do idoso
Um abraço
Dado Moura
contato@dadomoura.com
Dado Moura é membro aliança da Comunidade Canção Nova e trabalha
atualmente na Fundação João Paulo II para o Portal Canção Nova, como articulista.
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