Tóquio, 16 set (EFE).- Um heterogêneo grupo de políticos da velha-guarda e diversas ideologias, experientes na oposição mas novatos no poder, forma o novo Governo japonês, com só duas mulheres e uma idade média de 60 anos.
Uma das peculiaridades do novo Executivo é que nenhum de seus membros procede do poderoso setor privado japonês, mas sim há ex-empresários convertidos em políticos e descendentes de magnatas, como o primeiro-ministro, Yukio Hatoyama, de 62 anos, neto do fundador da Bridgestone e de um ex-chefe de Governo.
Para levar ao Japão os ares de mudança que apregoou em sua campanha eleitoral, Hatoyama se rodeou de veteranos do Partido Democrático (PD), um conglomerado de socialistas e conservadores, mas com tão pouca experiência como ele mesmo na arte de governar.
Quase todos se sentarão pela primeira vez nas poltronas ministeriais, com apenas duas exceções: o veterano Hirohisa Fujii, que com 77 primaveras é o mais idoso do Gabinete, e Shizuka Kamei, de 72.
Fujii, considerado a voz da experiência, levará uma pasta-chave na segunda economia mundial: a de Finanças, que já administrou no breve período em que o Partido Liberal-Democrata (PLD) esteve afastado do poder, entre 1993 e 1994.
Por sua parte, o septuagenário Kamei é o líder do Novo Partido do Povo (NPP), uma das duas formações minoritárias em coalizão com Hatoyama.
Kamei será responsável por Assuntos Financeiros e Previdência, uma pasta que estava na sua mira porque supervisionará a privatização dos serviços postais japoneses, algo que combateu nos últimos quatro anos.
O novo titular de Assuntos Financeiros é uma das caras mais conhecidas do novo Governo, amigo pessoal do ex-presidente peruano Alberto Fujimori, faixa-preta de aikidô e amante do golfe.
Esses dois ministros levam quase três décadas ao caçula do Governo, Seiji Maehara, nomeado com seus 47 anos em responsável de Infraestruturas e Transportes.
Apesar sua relativa juventude, Maehara é um político carismático com uma longa trajetória no PD e uma facção de seguidores e entusiastas nas fileiras do partido, que chegou a liderar durante uns poucos meses em 2005.
De sua mesma geração é o novo ministro da Saúde e Trabalho, Akira Nagatsuma, mais conhecido no Japão como "O senhor previdência" por haver ajudado a denunciar, em 2007, um escândalo sobre previdência públicas que fez cambalear ao Governo de Shinzo Abe.
Outro dos "jovens" do novo Executivo é o titular de Exteriores, Katsuya Okada, um advogado de 56 anos que era até agora o secretário-geral do PD e carece de experiência em um cargo público.
Com fama de diplomata, este antigo estudante de Harvard trabalhou como burocrata antes de entrar na política e ganhar uma cadeira há sete anos.
Okada é considerado um homem de princípios, não bebe e coleciona todo tipo de objetos com imagens de rãs.
A pasta de Justiça a ocupa uma das duas mulheres do Gabinete: Keiko Chiba, uma senadora conhecida por seu ativismo em prol dos direitos humanos e da melhora da situação das mulheres no Japão.
Chiba, de 61 anos, será a encarregada de decidir sobre os repetidos chamados ao Japão, incluídos os da União Europeia, para a abolição da pena de morte.
O outro rosto feminino no Gabinete é o de Mizuho Fukushima, de 53 anos e líder do esquerdista Partido Social Democrata (PSD), o outro aliado do Governo.
Fukushima, que ambicionava a pasta de Trabalho, teve que se conformar com a de Consumo, Natalidade e Segurança Alimentar.
Hatoyama também levou ao Gabinete seu braço direito, Toshifumi Hirano, que será ministro porta-voz do Governo, enquanto Naoto Kan, outro dos fundadores e homens fortes do PD, será presidente da poderosa Comissão de Estratégias.
O novo Executivo japonês tem uma Idade Média de 60,7 anos, o que faz dele ligeiramente mais velho que o anterior Governo de Taro Aso, que tinha 58,1 anos. EFE